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Governo acaba com comparticipação a associação de medicamentos e a vacinas

O Ministério da Saúde retirou a comparticipação da associação de medicamentos antiasmáticos e broncodilatadores, assim como das vacinas integradas no Plano Nacional de Vacinação, designadamente contra  o cancro do colo do útero e contra a hepatite B. 

Estas alterações ao regime de comparticipação constam de uma portaria  hoje publicada em Diário da República, que entra em vigor no dia 1 de março.

O regime até agora em vigor previa a comparticipação, para o grupo de medicamentos do aparelho respiratório, dos "antiasmáticos e broncodilatadores e respetivas associações". 

No mesmo artigo da portaria hoje publicada, desaparece a menção às associações  desses medicamentos, mantendo-se a comparticipação dos antiasmáticos e dos broncodilatadores. 

De acordo com o pneumologista António Bugalho de Almeida, a associação  dos dois medicamentos no mesmo dispositivo melhora a adesão ao tratamento,  porque o doente faz um dispositivo e não dois. 

"Quando o doente não está controlado, a associação dos dois medicamentos  é fundamental", explicou o médico, considerando que com a comparticipação  dos dois medicamentos de forma isolada há o risco de o doente optar por  comprar apenas um.  

Segundo o especialista, um doente asmático tem necessidade de um broncodilatador,  para lhe abrir as vias respiratórias, e de um corticoide inalado, podendo  fazer os dois no mesmo medicamento ou em separado. 

No entanto, vários estudos têm demonstrado que administrados em separado,  os doentes não faziam o corticoide de base, apenas o broncodilatador, que  dá alívio imediato, mas que, a prazo, pode levar a uma agudização da sua  situação clínica, afirmou à Lusa Bugalho de Almeida. 

De tal modo, sublinha, que a própria FDA (Food and Drug Administration),  autoridade norte-americana para o medicamento, recomenda que se faça a associação.

Na opinião do pneumologista, com o fim da comparticipação da associação  de medicamentos, torna-se fundamental que, no tratamento a longo prazo,  os doentes comprem sempre os dois medicamentos e não apenas um. 

Para isso, é necessário que "os médicos estejam mais atentos e deem  informação aos doentes, para que compreendam que é fundamental fazer os  dois conjuntamente". 

"Quando o doente já está estabilizado, não precisa da associação" dos  dois fármacos, acrescentou. 

Outra alteração que este diploma traz diz respeito às vacinas (simples  e conjugadas). 

Até agora estavam comparticipadas, mas a partir do próximo mês, comparticipa-se  as que não estão incluídas no plano nacional de vacinação (PNV). 

Esta alteração deixa de fora a vacina do HPV e a da hepatite B, que  continuam a ser administradas gratuitamente nos centros de saúde dentro  das idades recomendadas. 

Fora o âmbito previsto no PNV, quem queira comprar estas vacinas na  farmácia, passa a pagá-las integralmente. 

 

Lusa