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Governo e sindicatos iniciam hoje negociações para vinculação de docentes

O Ministério da Educação recebe hoje os sindicatos de professores para a primeira ronda negocial relativa ao concurso de vinculação extraordinária anunciado pelo ministro da Educação Nuno Crato em janeiro, em resposta a uma diretiva comunitária sobre precariedade docente.

O secretário de Estado da Educação, João Casanova (2D), e o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira (2E), durante uma reunião no ministério da Educação, em Lisboa, 24 junho 2013 / Lusa
MANUEL DE ALMEIDA

Durante a manhã são recebidos a FEPECI, a FENEI/SINDEP, o SNPL, a Pró-Ordem  e a FNE. f tarde são recebidos a Fenprof, o SPLIU, o SIPE, o SIPPEB, o SEPLEU  e a ASPL. As reuniões decorrem no palácio das Laranjeiras. 

"Neste concurso serão abertas vagas que correspondem a necessidades  permanentes do sistema", afirmou Nuno Crato, em conferência de imprensa,  em Lisboa, em janeiro, dando assim resposta à notificação da Comissão Europeia  sobre as condições em que se encontram milhares de professores sucessivamente  contratados em Portugal, defendendo ainda que a vinculação extraordinária  tem um impacto orçamental "praticamente nulo". 

No entanto, Crato esclareceu na altura que o ministério tenciona também  adotar medidas para corrigir a diferença de remuneração entre contratados  e efetivos, no sentido de, a trabalho igual, corresponder salário igual.

Se a medida fosse aplicada para todo este ano, o acréscimo de despesa  "seria de 16 milhões de euros", estimou.   

Os sindicatos contestaram a definição de um teto para vinculação, afirmando  que são muitos mais os professores que podem ficar afetos aos quadros do  ministério tendo em conta o que estabelecia a diretiva comunitária a que  o Governo quer dar resposta. 

O máximo de duas mil vagas anunciadas por Crato fica significativamente  abaixo dos cerca de 15 a 20 mil docentes que podem estar abrangidos pela  diretiva da Comissão Europeia, segundo cálculos da Federação Nacional de  Professores (Fenprof). 

A Federação Nacional de Educação (FNE) defendeu que a vinculação não  pode ficar refém de um limite numérico. Já a associação que representa os  professores contratados veio dizer que o concurso anunciado pelo ministro  poderia não ser suficiente para cumprir a lei. 

Em comunicado, a Fenprof adiantou que vai defender durante as negociações  "não só a aplicação plena da diretiva, como a realização, este ano, de um  concurso global intercalar, que tenha as componentes interna e externa,  no caso desta última, permitindo o ingresso de docentes contratados nos  quadros das escolas e agrupamentos". 

O executivo comunitário exortou o Estado português a "rever as condições  de emprego dos professores contratados, depois de ter recebido "um grande  número de queixas", alegando que os professores que trabalham nesta situação  são "tratados de forma menos favorável do que o pessoal efetivo com funções  equivalente". Foi dado, então, um prazo de dois meses a Portugal para apresentar  medidas, prazo esse que terminava no final de janeiro, ma que foi, entretanto,  prolongado por mais dois meses.