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Trabalhadores dos Estaleiros de Viana acusam ministro da Defesa de dar "machadada final" na empresa

O coordenador da comissão de trabalhadores dos  Estaleiros Navais de Viana do Castelo considerou hoje que a "machadada final"  na empresa foi dada pelo ministro da Defesa quando desencadeou o processo  de reprivatização. 

Lusa
(Lusa/Arquivo)

"A machadada final nos estaleiros foi dada quando o senhor ministro  José Pedro Aguiar-branco anunciou a pretensão de reprivatizar os Estaleiros"  e quando disse que "não queria de forma alguma que o Estado continuasse  a governar os ENVC", afirmou António Costa, ouvido hoje na comissão de inquérito  ao processo que levou à subconcessão dos terrenos e infraestruturas da empresa.

O coordenador da comissão de trabalhadores sublinhou que o procedimento  de averiguações a alegados auxílios de Estado ilegais foi desencadeado pela  DGCOM  1/8Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia 3/8 após o Governo  português anunciar a intenção de reprivatizar a empresa. 

Abel Duarte, da mesma organização representativa, disse mesmo que foi  o atual Governo - Ministério das Finanças e Ministério da Defesa - que,  "entre aspas, denunciou os supostos auxílios de Estado" junto da DGCOM.

Na opinião de Abel Duarte, a questão do procedimento da Comissão Europeia  foi um "pretexto" para encerrar a empresa e "fazer um saneamento de classe".

O representante dos trabalhadores respondia ao deputado do PCP António  Filipe, que lembrou que o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco,  justificou por várias vezes a opção pela subconcessão com a eventualidade  de a empresa ter que devolver 181 milhões de euros de auxílios estatais  ao abrigo das leis da concorrência europeias. "Aquando do processo de reprivatização, e isto foi-nos dito por dois  membros do gabinete de Almunia (comissário europeu para a Concorrência),  o Estado português é que foi ter com a Direção-Geral da Concorrência e,  entre aspas, denunciou os supostos auxílios de Estado. O que é estranhíssimo",  afirmou Abel Duarte.  

António Costa, que respondia à deputada do BE Mariana Aiveca, contrariou  a ideia de que "os trabalhadores nunca estiveram parados", afirmando que  "a enormíssima maioria esteve três anos praticamente parada". 

Segundo António Costa, a "decadência dos estaleiros" começou há muitos  anos e a empresa "chegou ao declínio de forma premeditada para que chegasse  ao cenário de ser alugada por uma ninharia". 

O dirigente da organização representativa dos trabalhadores disse ter  havido "muitas possibilidades de construção que nunca foram devidamente  exploradas" e falou em "terrorismo psicológico" sofrido pelos funcionários  "nos últimos três anos", muitos dos quais com mais de 40 anos de casa. 

António Costa defendeu que a empresa não teria chegado à presente situação  se os administradores públicos que por lá passaram tivessem feito um bom  trabalho, manifestando indignação pela celebração de um "acordo arbitral"  entre o Governo dos Açores e da República sobre a recusa do navio Atlântida  pela empresa pública açoriana que o encomendou. 

 

     

 

Lusa