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Ministério da Educação vai dar mais horas às escolas para combater insucesso 

O Ministério da Educação vai dar mais horas  às escolas para combaterem o insucesso escolar e o risco de abandono, e  aumentar a autonomia das direções dos estabelecimentos, disse hoje o secretário  de Estado do Ensino Básico e Secundário. 

(LUSA/Arquivo)
JOSE SENA GOULAO

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado adiantou que às  escolas será assim permitido gerir estes créditos horários "em função da  sua realidade". 

João Grancho, que hoje recebeu as duas principais federações sindicais  da educação -- Fenprof e FNE -- para "reuniões de auscultação" relativas  aos diplomas que vão definir o calendário escolar e a organização do próximo  ano letivo, sublinhou que "não são matéria de negociação sindical". 

O despacho de organização do ano letivo deverá mesmo ser publicado já  na próxima semana, mais cedo do que ocorreu o ano passado, referiu João  Grancho. 

Apesar de não trazer "alterações de fundo" em relação ao normativo ainda  em vigor para o presente ano letivo, o diploma vai traduzir-se numa "evolução  positiva", dando "mais autonomia às escolas para que possam gerir de forma  mais eficiente os seus recursos". 

"O que é que isto significa? Que, por exemplo, tal como vinha sendo  opinião do Conselho de Escolas, fosse atribuído um crédito global de horas  e depois caberia às escolas fazer a sua gestão. O que vai acontecer é exatamente  é isso. Atribuir um crédito global de horas com duas componentes: uma para  a gestão e outra para a atividade pedagógica em que caberá aos órgãos de  gestão fazer a sua distribuição em função da realidade de cada escola ou  agrupamento. Aqui temos um avanço significativo ao nível do reforço da autonomia",  declarou o secretário de Estado. 

A fórmula de cálculo do crédito horário dado às escolas (número de horas  disponibilizado às escolas para projetos internos e apoio à gestão, por  exemplo) vai ser alterada de forma a incluir um novo fator de ponderação  para atribuição de mais horas: o combate ao insucesso e ao risco de abandono  escolar. 

Não está, no entanto, definido nenhum número específico de horas a atribuir  às escolas para esse objetivo. 

Certa é já a atribuição de mais 30 horas letivas semanais de crédito  horário para as escolas que nos últimos três anos letivos tenham apresentado  melhorias consistentes nos resultados obtidos na avaliação externa. 

Isto não significa que para beneficiar deste crédito tenham que ter  tido resultados positivos, basta apenas que tenham melhorado consecutivamente  os resultados, ainda que estes se mantenham negativos. 

Em resposta à Fenprof, que hoje acusou o Ministério da Educação de discriminação  por atribuir mais crédito horário às escolas com melhores resultados, João  Grancho disse que as críticas não fazem sentido, até porque essa "discriminação  positiva" não será incluída pela primeira vez no diploma que vai organizar  o próximo ano, sendo algo que já vem de anos anteriores. 

O secretário de Estado acrescentou que com a autonomia de gestão que  o ministério pretende atribuir às direções relativamente ao uso do crédito  horário global, caberá aos órgãos diretivos dos estabelecimentos "decidir  que domínios devem ser particularmente atendidos", de forma autónoma, "sem  qualquer prescrição do ministério". 

Quanto às pretensões da FNE (Federação Nacional de Educação), que quer  ver limitado o número de turmas atribuídas a cada docente, e ter essa limitação  incluída no despacho a publicar proximamente, João Grancho disse que essa  também é uma matéria que remete para a autonomia das escolas e que cabe  aos órgãos de gestão definir. 

Lusa