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Peritos defendem acesso a remédios mais eficazes para a hepatite C

Portugal deve adotar novos modelos de financiamento e negociação que garantam o acesso dos doentes com hepatite C aos medicamentos  mais eficazes para uma doença que custa anualmente 70 milhões de euros,  defende um grupo de peritos. 

(Reuters/ Arquivo)
© Srdjan Zivulovic / Reuters

"O novo grupo de fármacos permite a cura definitiva em mais de 90% dos  doentes tratados", lembra o Consenso Estratégico para a Gestão da Hepatite  C em Portugal, que hoje é apresentado em Lisboa. 

De acordo com os 30 peritos que trabalharam nas recomendações, "o elevado  custo associado" aos novos medicamentos "exige novos modelos de financiamento,  e consequentemente de negociação, que garantam o acesso à inovação, de acordo  com critérios de prioridade clínica e justiça social". 

O documento recomenda também a criação de uma rede de gestão e referenciação,  que deve respeitar a experiência dos centros já existentes e a distribuição  epidemiológica da doença. 

"Deve estar acautelada a liberdade do doente poder escolher o centro  de referenciação onde quer fazer o tratamento, dado o caráter fortemente  estigmatizante da hepatite C", referem os especialistas. 

O documento constata que as normas de orientação clínica elaboradas  em Portugal há cerca de dois anos já estão cientificamente ultrapassadas  e considera que há "um enorme hiato" entre a preparação atual dos profissionais  de saúde acerca da hepatite C e o estado do desenvolvimento da ciência e  da prática clínica. 

Os peritos aconselham ainda que a hepatite C passe a ser uma doença  de notificação e registo obrigatório, o que pode permitir que os doentes  tenham acesso aos melhores cuidados terapêuticos. 

Este sistema de registo deve possibilitar que se identifiquem os doentes  que precisam de tratamento e deve permitir a monitorização da assistência  que é dada. 

Segundo o Consenso Estratégico para a Gestão da Hepatite C, em Portugal  calcula-se que a prevalência da doença seja de 1 a 1,5% da população. Entre  900 a 1.200 pessoas morrem por complicações decorrentes da doença, nomeadamente  de cirrose. 

O trabalho que é hoje apresentado em Lisboa foi coordenado pelo médico  e deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite, pelos hepatologistas  Rui Tato Marinho e Paula Peixe e por Henrique Lopes, do Centro de Estudos  da Universidade Católica Portuguesa. 

 

      Lusa