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Cavaco defende língua portuguesa e direitos humanos como valores identitários

O Presidente da República de Portugal defendeu hoje que a língua portuguesa e a defesa da paz, da democracia e dos direitos humanos são valores identitários da CPLP e devem continuar a determinar as suas decisões.

PAULO NOVAIS

Aníbal Cavaco Silva assumiu esta posição numa intervenção no período  de debate político da X Cimeira de chefes de Estado e de Governo da Comunidade  dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Díli, Timor-Leste. 

No seu discurso, que foi distribuído aos jornalistas, o chefe de Estado  português não se referiu à admissão da Guiné Equatorial - um país onde a  língua maioritariamente falada é o castelhano e governado desde 1979 por  Teodoro Obiang, acusado de violações dos direitos humanos - como membro  pleno da CPLP, hoje aceite por consenso, mas falou dos valores identitários  desta comunidade de países. 

Quanto à composição da CPLP, pronunciou-se sobre o tema somente para  saudar o "regresso pleno" da Guiné-Bissau e "o interesse crescente de novos  Estados, também eles de continentes diversos, em se tornarem observadores  associados", acrescentando: "As candidaturas da Geórgia, da Namíbia, da  Turquia e do Japão abrem novas oportunidades de cooperação e de projeção  da CPLP no mundo". 

Sobre a identidade da CPLP, Cavaco Silva afirmou: "O potencial de atração  da nossa comunidade e o reconhecimento internacional da CPLP assentam no  conjunto de valores identitários que partilhamos, como são a língua portuguesa  e os princípios fundadores de defesa da paz, do Estado de direito democrático,  dos direitos humanos e do desenvolvimento económico-social. É por isso fundamental  que continuemos a deixar claro, no presente e no futuro, que são esses os  valores que determinarão as nossas decisões e as nossas iniciativas". 

O Presidente da República deu destaque à questão linguística, considerando  que "a língua portuguesa desempenha um papel primordial" no projeto da CPLP.

"Foi um dos primeiros fatores de aproximação e é um dos traços que nos  identifica e distingue. A língua portuguesa enquanto ativo estratégico é  uma opção política da CPLP. Neste contexto, língua e culturas devem ser  encaradas como eixos que se reforçam mutuamente. O facto de a língua portuguesa  incorporar pluralidades, que lhe advêm da abertura e da partilha a diferentes  países e culturas, reveste-a de um valor intrínseco acrescido. É já inegável  o seu valor cultural, económico, geopolítico e científico", disse. 

O chefe de Estado português falou também da "familiaridade" entre os  países desta comunidade, assinalando que esta é a quinta e última Cimeira  da CPLP em que está presente e declarando ter sentido um "verdadeiro espírito  fraternal" e uma "natural proximidade" em todos estes encontros. 

"A familiaridade que nos aproxima e a nossa ética comum são as principais  forças impulsionadoras da nossa união", defendeu.  

Cavaco Silva exortou os países membros deste bloco a articularem-se  mais, a assumirem um compromisso acrescido de "ser CPLP" e a inserirem uma  "visão CPLP" nos palcos internacionais em que estão respetivamente representados.