"Se há um erro clamoroso, não há nenhum motivo para que não possa voltar a exercer a sua profissão", declarou a advogada Mónica Quintela aos jornalistas, à saída da sala de audiências do Palácio da Justiça de Coimbra.
Confirmando o anúncio do presidente do coletivo de juízes de que Ana Saltão pode "retomar na sua plenitude", na terça-feira, as funções que desempenhava na Polícia Judiciária (PJ), em novembro de 2012, Mónica Quintela frisou que deu também instruções nesse sentido à sua constituinte.
"E espero que se apresente ao serviço de cara levantada", acrescentou.
A advogada disse ainda que, depois de a decisão judicial transitar em julgado, avançará com um pedido de indemnização ao Estado para que Ana Saltão seja ressarcida dos danos morais e materiais que alegadamente sofreu enquanto durou o processo contra si.
A arguida "esteve seis meses detida preventivamente" e foi "impedida de exercer as suas funções" de inspetora da Polícia Judiciária, disse.
"As falhas da investigação são crassas. Há um crime muito grave que ficou por deslindar", referiu Mónica Quintela, realçando que "mais nenhuma linha de investigação foi seguida" pela PJ e pelo Ministério Público.
A advogada admitiu aos jornalistas que gostaria que fosse reaberto o processo no futuro, a partir de "outros rumos e outras linhas de investigação" que não foram exploradas.
"Gostaria muito que fosse feita essa reabertura, para que um crime hediondo (assim classificado pelo procurador do MP Jorge Leitão) não ficasse por punir", adiantou.
Na sua opinião, houve "uma falha gravíssima na investigação", o que originou "um processo de intenções sem qualquer consistência factual".
O tribunal de júri criado para julgar a inspetora da PJ Ana Saltão não conseguiu provar que Ana Saltão tenha sido a autora dos disparos que mataram a avó do marido, Filomena Gonçalves, de 80 anos, que foi atingida com 14 tiros numa residência da rua António José de Almeida, em Coimbra, na tarde de 21 de novembro de 2012.
"É mínima a probabilidade de a arguida ter cometido os crimes nos termos da acusação", disse o presidente do coletivo, ao terminar a leitura do acórdão.
Lusa