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Conselho Nacional de Educação critica critérios de escolha de professores

O presidente do Conselho Nacional de Educação,  David Justino, criticou hoje os critérios de escolha dos professores, no  concurso nacional, considerando que as regras não permitem selecionar os  melhores. 

LUSA

"Se a escola pública quer ser uma referência, tem de escolher os melhores  professores e os que estão seriados na lista ordenada não são necessariamente  os melhores", disse David Justino no Fórum Educação "Sucesso Escolar: Que  Estratégias?", organizado pela Câmara de Leiria. 

Recordando que nos últimos três anos tem formado futuros docentes, o  ex-ministro da Educação sublinha não ter dúvidas de que "darão excelentes  professores, melhores do que outros que já estão no sistema". 

Porém, realçou que como leciona numa universidade pública, uma escola  mais "exigente", os futuros professores não terão notas tão elevadas e "serão  ultrapassados por outros que vêm de faculdades de vão de escada que dão  18 e 19". 

Em declarações à agência Lusa, o presidente do CNE explicou que esse  é um dos problemas que foi identificado e que será "refletido na próxima  publicação" deste organismo. 

Sem querer revelar antecipadamente o conjunto de problemas do sistema  de ensino detetados no parecer do CNE, David Justino assegurou não ter "dúvidas  de que há professores bons que são ultrapassados por professores que não  têm qualquer garantia". 

"Os critérios existentes para a colocação de professores pela primeira  vez podem deturpar o mérito e a qualidade na escolha dos professores", frisou.

David Justino abordou também o tema da retenção escolar, adiantando  que, "no atual sistema de ensino, um em cada três alunos já reprovou pelo  menos uma vez", dizendo que existe uma "cultura de retenção", que leva a  que um aluno uma vez retido prossiga um "trajeto de retenção". 

"Já a OCDE  1/8Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 3/8,  nos últimos dois anos, tinha identificado que Portugal era um dos países  com maiores taxas de retenção na Europa" a par de "Espanha, França, Bélgica  francófona e a Holanda". 

Sublinhando que não pretende "acabar com as retenções", nem defender  o "facilitismo", considerou ser importante criar condições para evitar a  retenção, logo nos primeiros anos de escolaridade, porque, muitas vezes,  "quando se tenta recuperar o aluno já é tarde". 

Por isso, sugere "organizar as aprendizagens e as escolas para poderem  acudir precocemente estes alunos". 

Admitindo que já há alguns projetos nesse sentido, como o "Fénix", David  Justino alerta para que se "generalize" estes projetos.  

Segundo o ex-governante, "só no ensino público, o Estado português gasta  com estas retenções entre 250 e 300 milhões de euros por ano", somando "aquilo  que a sociedade gasta e depois volta a gastar quando esse percurso de insucesso  escolar se transforma no insucesso social". 

David Justino criticou ainda as escolas que "eliminam os alunos mais  fracos para não irem a exame por terem notas mais baixas", para não estragarem  os 'rankings'. 

Por isso, o presidente do CNE equaciona sugerir ao ministro da Educação  que "todos os alunos façam exame". 

Lusa