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Paleontólogos anunciam nova espécie de dinossauro herbívoro, o mais pequeno de Portugal

Paleontólogos portugueses e espanhóis anunciam hoje, em Torres Vedras, a descoberta a nível mundial de uma nova espécie e de um novo género de dinossauro, que é também entre esses animais o herbívoro mais pequeno de Portugal.

CARLOS BARROSO

"No registo português, é um dos mais pequenos que se conhece e provavelmente  é o mais pequeno dos dinossauros herbívoros, porque pertence a um grupo  dos mais pequenos a nível mundial e porque ainda não devia ser adulto. Se  fosse adulto, provavelmente seria maior", disse à agência Lusa Fernando  Escaso. 

O investigador subscreve o artigo científico que acaba de ser publicado  no Jounal of Vertebrate Paleontology, em conjunto com Pedro Dantas, Elisabete  Malafaia, Bruno Camilo Silva, Pedro Mocho, Fernando Escaso, Francisco Ortega,  José Gasulla, Ivan Navaez e José Sanz, ligados à Sociedade de História Natural  de Torres Vedras, à Universidade de Lisboa e à Universidade Nacional de  Educação à Distância de Madrid (Espanha). 

Depois de estudarem os achados feitos em 1999 de viajarem para o continente  norte-americano para observar fosseis de dinossauros semelhantes, os cientistas  concluíram que havia diferenças entre eles que os levaram a identificar  uma nova espécie de um novo género de dinossauro. 

"Os fósseis da pata que descobrimos possuem um dedo mais pequeno. Havia  estudos que apontavam que esse dedo estava muito reduzido ou era pequeno,  mas não tínhamos esse dedo completo. O achado permitiu-nos corroborar a  hipótese de que efetivamente é um dedo pequeno nesta espécie e provavelmente  em todo o grupo", explicou à agência Lusa Fernando Escaso. 

Os fosseis, compostos pelo esqueleto parcial da cauda, da cintura pélvica  e das patas posteriores deste dinossauro, pertencem à Sociedade de História  Natural de Torres Vedras.  

"O mais extraordinário é que o material foi descoberto articulado e  muito bem conservado. As vértebras estavam uma atrás da outra como em posição  de vida e isso é menos comum", sublinhou o paleontólogo.  

Os paleontólogos apontam ainda caraterísticas particulares nas vértebras  caudais e nos ossos da perna, que não existem em espécies deste grupo já  identificadas na Europa e na América. 

O dinossauro foi apelidado de "Eousdryosaurus nanohallucis". Trata-se  de um herbívoro dryossauro ornitópode, que caminharia de forma muito ágil  e veloz com apenas com duas patas (tinha os braços mais curtos do que as  patas e teria cauda comprida e meio metro de altura e 1,60 metros de comprimento.

Os cientistas pensar tratar-se de um animal jovem (os adultos teriam  2 a 2,5 metros de comprimento) que viveu há 152 milhões de anos, no fim  do Jurássico Superior, o período a que pertencem também grande parte dos  achados de dinossauros feitos na região Oeste. 

 O achado foi feito em 1999 na praia de Porto das Barcas (Lourinhã) por  um amador. José Joaquim dos Santos, carpinteiro de profissão, dedicou os  seus tempos livres, durante 27 anos, a procurar fosseis nas arribas e foi  colecionando em casa. 

A coleção veio a ser adquirida pela Câmara Municipal de Torres Vedras  em 1999 e foi doada à Sociedade de História Natural para ser estudada.