O movimento de apoio aos bombeiros começou na terça-feira, quando, a par do incêndio de grandes dimensões que já lavrava em Rossas desde sábado, outro deflagrou em Janarde, envolvendo até hoje o trabalho de mais de 200 operacionais no combate às chamas.
Sérgio Azevedo, bombeiro na corporação local, apresentou hoje à Lusa a lista de donativos acumulados no quartel: "Já nos deram uns 4100 litros de água, uma palete de sumos, leite, muitos quilos de fruta, bolachas e barritas de cereais. Temos que agradecer à população e às empresas por esta dádiva".
Só do supermercado local Cavadinha saíram mais de 1.000 litros de água: "Primeiro oferecemos nós alguma e os bombeiros vinham cá buscá-la, mas depois lembrámo-nos de apelar aos clientes para ajudarem também, recolhemos as ofertas todas e depois passámos a ir nós levar tudo ao quartel nas nossas carrinhas", revela o proprietário do estabelecimento, Henrique Sousa.
Por cada quatro litros de água adquirida no local para oferta aos bombeiros, o supermercado vem assim oferecendo o quinto, sendo que, só hoje, seguiram 375 para o quartel, ao fim da tarde. Embora em menor quantidade, os clientes da casa doaram também leite, sumos e produtos alimentares para o lanche, ao que o supermercado acrescentou, por sua conta, diferentes tipos de fruta.
"É produto que deixamos de vender, mas não estamos a fazer conta ao dinheiro porque não há preço para o que os bombeiros sofrem por nós, para salvar a floresta e a própria comunidade", realça Henrique Sousa.
O supermercado Pingo Doce também tem contribuído para esse stock de bebidas, doando ainda talheres e "gelo em permanência", como refere Sérgio Azevedo. "Vertemos todas as bebidas em caldeiros, adicionamos-lhe o gelo e depois pomo-los nas viaturas, que estão em circuito constante pelos locais dos fogos e assim têm sempre água e sumos frescos para dar aos homens", explica.
Apesar da ideia generalizada de que o leite funcionaria como antídoto do monóxido de carbono inalado através de fumos (o que a Direção Geral de Saúde ainda hoje rejeitou em comunicado), esse produto é o menos aproveitado entre os donativos. "Os bombeiros não gostam muito de leite", admite Sérgio Azevedo. "Não sendo água, preferem sumo, que até ajuda mais a repor energias", defende.
Na logística da acomodação e do transporte desses bens vem colaborando também o Agrupamento de Escuteiros de Arouca, enquanto o pessoal da Escola Secundária local se responsabilizou pela confeção de alimentação mais substancial, nas instalações do próprio estabelecimento de ensino.
"A corporação suporta o custo dos ingredientes, mas são os funcionários da escola que lá têm estado a fazer-nos as refeições estes dias todos", conta Sérgio Azevedo. "A chefe da cozinha ofereceu-se para isso e as outras pessoas foram ajudá-la. Ela é mãe de um bombeiro - sabe bem o que a gente passa", conclui.
Lusa