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Diretor da FCSH explica que adiou conferência para resgatar liberdade de expressão de "envolvência de perigo"

O diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) de Lisboa disse esta segunda-feira que a instituição assegurou a liberdade de expressão, "resgatando-a de uma envolvência de perigo", ao adiar uma conferência do politólogo Jaime Nogueira Pinto.

Diretor da FCSH explica que adiou conferência para resgatar liberdade de expressão de "envolvência de perigo"

Numa mensagem eletrónica dirigida aos alunos, professores, investigadores e pessoal não docente, Francisco Caramelo refere que "a decisão de adiar a conferência foi um ato pensado e debatido coletivamente com a direção da faculdade".

"Garantimos a liberdade de expressão, resgatando-a de uma envolvência de perigo e da probabilidade de violência", sustentou, acrescentando que "hoje tomaria, em consciência, a mesma decisão".

A conferência com o politólogo Jaime Nogueira Pinto, "Populismo ou democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate", que esteve prevista para terça-feira passada, não se realizou por decisão da direção da faculdade, que invocou "ausência das indispensáveis condições de normalidade".

Na mensagem, o diretor da FCSH (da Universidade Nova de Lisboa) sublinha que "nunca se tratou de uma anulação definitiva da conferência", mas "de adiar para uma data próxima em que a mesma pudesse ter lugar em ambiente sereno".

O diretor da FCSH adiantou que se reuniu, na sexta-feira, com Jaime Nogueira Pinto e que o convidou para proferir uma conferência na faculdade. O convite foi aceite e a palestra "será marcada em função das disponibilidades do conferencista".

Francisco Caramelo relatou que o movimento Nova Portugalidade, que promovia a conferência de terça-feira passada, exigiu na véspera do evento, em contactos telefónicos com a faculdade, "a presença da polícia antes e durante" a palestra.

Face à recusa da FCSH, o movimento indicou que levaria dez homens, "que estariam na sala durante a conferência e que garantiriam a segurança do evento".A direção da faculdade, esclarece Francisco Caramelo, "não poderia pactuar com essas exigências", uma vez que "a probabilidade de violência era muito elevada e o perigo considerável".

Segundo o diretor da FCSH, a direção da faculdade "começou a receber sucessivas informações e indicações relativas a possíveis confrontos e insegurança à volta da conferência", depois de ter recusado cancelar o evento, na sequência de uma moção aprovada em Reunião-Geral de Alunos.

A moção exigia o cancelamento da conferência, com a alegação de que o evento estava "associado a argumentos colonialistas, racistas, xenófobos".

Lusa