Os enfermeiros dos centros de saúde de Almada e do Seixal estão hoje em greve. Os enfermeiros reclamam que o atendimento aos fins de semana e feriados seja pago como trabalho extraordinário.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) mostrou-se disponível para dialogar com os enfermeiros destes centros de saúde, mas afirma que os profissionais não têm uma "posição consensual".
"No passado dia 29 de julho, numa reunião promovida pelo diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal, na qual participaram mais de 85 enfermeiros, não foi apresentada nenhuma posição consensual sobre o diferendo", adiantou a ARSLVT, numa resposta escrita enviada à Lusa.
Em causa está o atendimento complementar, realizado aos fins de semana e feriados, que os enfermeiros destas unidades, no distrito de Setúbal, exigem que seja "remunerado como trabalho extraordinário", como acontece noutros ACES da ARSLVT, segundo o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Esta situação "incoerente, injusta e discriminatória", na visão do sindicato, levou à convocação de uma paralisação e protesto para quinta-feira, em frente ao Centro de Saúde da Amora, no Seixal, pelas 11:00.
No entanto, a ARSLVT lamentou que o SEP, "perante as diferentes perspetivas em presença, não tenha aceitado as propostas de trabalho conjunto apresentadas pelo diretor executivo do ACES" e que, com esta ação, "esteja a condicionar o acesso da população a cuidados de enfermagem".
A entidade não adiantou o que foi proposto, mas frisou que o atendimento complementar no ACES de Almada e Seixal "sempre foi assegurado pelos enfermeiros no seu horário normal de trabalho".
Além disso, acrescentou que, no ano passado, o agrupamento recebeu por concurso "mais 29 enfermeiros", tendo em exercício "um total de 245 enfermeiros dos 251 definidos como necessários no mapa de pessoal existente".
Segundo o SEP, a situação dos centros de saúde piorou quando entrou em funções o novo diretor executivo, Alexandre Tomás, uma vez que os enfermeiros das Unidades de Saúde Familiar, modelo B, "estão a ser coagidos a aumentar o seu horário de trabalho para 40 horas, sem qualquer compensação, alegadamente por serem necessárias mais horas assistenciais aos seus utentes".
Contudo, a ARSLVT rejeitou "veementemente a alegada coação imputada ao diretor executivo", porque a situação é comum a várias unidades em todo o país e não apenas em Almada e Seixal.
De qualquer forma, a administração mostrou-se "totalmente disponível para, em clima de diálogo e clima de concertação, encontrar as melhores soluções que garantam resposta às necessidades em saúde das populações, privilegiando o recurso aos excelentes profissionais existentes".
O conflito entre os enfermeiros e a direção do ACES de Almada e Seixal começou em dezembro de 2018, quando os profissionais iniciaram greve ao atendimento complementar.
Com Lusa