António Costa foi reeleito, este sábado, secretário-geral do PS com 21.888 votos expressos, representando 94% do total de votantes, dados anunciados no Congresso do partido. Em entrevista à SIC, afirmou que os principais desafios do país são vencer a pandemia, acelerar a recuperação e uma transformação estrutural.
"O PS é um partido livre"
Questionado sobre a chegada em silêncio de Pedro Nuno Santos ao congresso, e já depois do arranque dos trabalhos, António Costa recusou ter ficado desagradado com a atitude do dirigente socialista, sublinhando que o PS é um “partido livre”.
“Não fiquei desagradado com o atraso (…). O PS é um partido livre, todos podem falar e todos têm direito ao silêncio”, afirmou.
António Costa reafirma a confiança política no também ministro, dizendo-se “contente” com o trabalho que tem feito em vários dossiers, nomeadamente na reestruturação da TAP e no relançamento da ferrovia.
“Estou muito contente com a atividade que ele tem feito como membro do Governo, não só nesse dossier [TAP] como também no relançamento da ferrovia, da CP, para que estejamos neste momento a construir um cluster no setor ferroviário e também o esforço que muitos consideravam impossível que é defender uma empresa estratégica para o país”, defendeu.
"A minha saída não está na ordem do dia"
Sobre os anos de mandato restantes como primeiro-ministro, António Costa elencou três desafios, apontando como principal prioridade “vencer a pandemia”. Destacou ainda o crescimento económico e a transformação estrutural que o Plano de Recuperação e Resiliência irá permitir.
“O terceiro grande desafio é o país aproveitar plenamente a oportunidade extraordinária de não se limitar a voltar ao ponto onde estava [pré-pandemia] (…). O calendário para execução do PRR é de seis anos, temos três anos até 2023 para assumir todos os compromissos, mais três para execução. A minha saída não está na ordem do dia. Estou 200% concentrado nas missões que tenho pela frente”.
Questionado sobre a possibilidade de poder integrar um projeto europeu, depois do sucesso da Presidência Portuguesa da União Europeia, recusou fazer projeções para o futuro, dizendo-se focado no futuro do país.
“Estou preocupado com o futuro do nosso país e dos portugueses, o trabalho que tenho de realizar hoje e amanhã. A Europa revelou mais uma vez ser fundamental para enfrentarmos crises globais. Fizemos uma grande presidência, mas neste momento as minhas funções são em Portugal. O futuro o dirá”.
Remodelações no Governo à vista?
Relativamente a uma possível remodelação do Governo, que tem sido apontada por várias vozes, António Costa não deixa antever possíveis mudanças, assumindo apenas que as fará se necessário. Questionado sobre a continuidade do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse esperar pelos inquéritos das autoridades judiciárias, ao atropelamento mortal, “sem especular”.
Eduardo Cabrita. "É das coisas mais revoltantes e desprezíveis que tenho assistido”
Lamenta ainda o “aproveitamento” de um “assunto lamentável como a perda de uma vida humana” para um “ataque político a uma pessoa que era um passageiro num automóvel”.
“Os inquéritos devem ser feitos pelas autoridades judiciárias e todos devemos confiar nelas. Não vou especular. O único assunto lamentável aqui é a vida humana que se perdeu. Se houvesse respeito, aguardava-se que as autoridades apurassem o que aconteceu e não se aproveitasse uma perda humana para fazer um ataque político a uma pessoa que era um passageiro num automóvel. É das coisas mais revoltantes e desprezíveis que tenho assistido”, criticou.
"Nada mudou" com o PCP
Em resposta às críticas de Jerónimo de Sousa, que este sábado o acusou de ter discursos diferente como líder do PS e como primeiro-ministro, António Costa disse apenas que o Governo tem “trabalho bem” com o PCP e que “nada mudou”.
Dia da libertação: para quando?
Por fim, António Costa relembra os portugueses que não se podem comportar “como se a pandemia estivesse ultrapassada”, pedindo que se evitem comportamentos de risco. Sobre um possível ‘dia da libertação’, afirmou apenas que “graças à vacinação hoje o risco de contágio é muito menor”.
“É fundamental, ao mesmo tempo que prosseguimos a vacinação, ter em conta que corremos o risco de haver uma variante ainda não conhecida que não esteja coberta pelas vacinas, temos que acompanhar a vacinação com grande disciplina”.
Veja a entrevista na íntegra:
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