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As últimas sobre a polémica com a chefia do Estado-Maior da Armada

Presidente da República, primeiro-ministro e ministro da Defesa reuniram-se em Belém.

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A substituição do atual Chefe do Estado-Maior da Armada não é para já e o caso obrigou a uma reunião de urgência na noite da passada quarta-feira, em Belém, entre o Presidente da República, o primeiro-ministro e o ministro da Defesa.

Faltavam quinze minutos para as nove da noite desta quarta-feira quando a crise amainou.

O primeiro-ministro saía de Belém com o ministro da Defesa, depois de ter pedido um encontro de urgência com o Presidente da República para tentar esclarecer os equívocos que Marcelo tinha disparado de rajada ao Governo ao fim da manhã.

O Presidente reagiu sem piedade, depois de saber por terceiros que o ministro Gomes Cravinho tinha comunicado ao Chefe do Estado-Maior da Armada que ia ser demitido sem que o comandante supremo fosse informado primeiro.

A reunião acabou com um comunicado frio de Belém a confirmar que, a pedido do primeiro-ministro, o Presidente da República recebeu o chefe de Governo, acompanhado pelo Ministro da Defesa.

E, no final, tinham ficado esclarecidos os tais equívocos a propósito da substituição da Chefia do Estado-Maior da Armada.

Um dos equívocos seria que, afinal, a substituição anunciada ao próprio Chefe do Estado-Maior da Armada não era para ter efeitos imediatos.

Mas, até agora, ninguém sabe se ainda será em fevereiro, como estaria combinado há muito tempo.

O PSD parece desconfiar do ministro e já exigiu a demissão imediata do autor da fuga de informação sobre a saída do almirante Mendes Calado do comando da marinha.

"Carece de uma explicação de 'porquê', agora, quem colocou isto na praça pública, uma vez percebido quem o fez, esse tem de se demitir. Com intenções, provavelmente, táticas, tem de se responsabilizar por isso. Se não foi o ministro da Defesa que colocou, demissão de quem colocou", diz o líder do PSD, Rui Rio.

No Governo, o silêncio impera.

"Não é matéria de agenda de Conselho de Ministros. O Presidente da República já emitiu um comunicado, portanto, o assunto está encerrado", diz o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas.

"Essa questão está sanada e, por isso, não sou eu que posso acrescentar algo àquilo que ontem foi comunicado pela Presidência da República, no sentido de que, qualquer equívoco que tenha existido, está sanado", acrescenta o secretário de Estado Adjunto e da Defesa, Jorge Seguro Sanches.

No Parlamento, o Bloco de Esquerda não comenta.

PSD e PCP querem explicações do ministro na Assembleia da República.

"Foi criada uma situação preocupante de instabilidade ao nível das chefias militares", aponta o comunista António Filipe.

"Esta desarticulação a que se assistiu nos últimos dias não é boa para as forças armadas, não é boa para Portugal", refere Pedro Morais Soares, do CDS.

"Deve haver sempre espaço e respeito para que possa haver a manifestação de uma opinião divergente", diz Inês Sousa Real, do PAN.

O Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo, que coordenou o processo de vacinação, foi o nome indicado pelo ministro da Defesa para substituir o atual Chefe do Estado-Maior da Armada.

"Eu não faço comentários sobre isso", diz o Vice-Almirante Gouveia e Melo.

Mas, antes disso, a exoneração do chefe atual só será possível com a concordância do Presidente da República.

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