A saída por vontade própria do diretor do Centro Hospitalar de Setúbal desencadeou uma crise: os diretores de todos os serviços vão demitir-se.
A decisão em bloco é tomada em solidariedade com o diretor do centro hospitalar, Nuno Fachada, que se demitiu na quinta-feira, depois de alegar falta de condições.
Numa informação enviada por Nuno Fachada aos colegas, o médico alega um conjunto de dificuldades no centro hospitalar como justificação para a sua saída.
A "situação de rotura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]", assim como "dificuldades noutras escalas como a pediátrica, cirúrgica, via verde AVC, urgências internas, etc", são algumas das razões apontadas pelo diretor demissionário.
A mesma informação refere também a "falta de condições de atratividade dos médicos", "insuficiência ou não abertura de vagas sinalizadas", "dezenas de cortes mensais de salas operatórias" e "rotura em vários serviços por êxodo" de profissionais de várias especialidades.
Nuno Fachada justifica ainda a demissão com a "não resposta sobre a requalificação e financiamento do CHS [Centro Hospitalar de Setúbal] para grupo D", "afastamento e colapso dos cuidados primários de saúde, agravando as dificuldades dos doentes", assim como "incertezas quando ao ecletismo, adaptação e capacidade das obras das urgências".
Perante a saida do diretor clínico, o bastonário da Ordem dos Médicos apelou ao Governo que resolva os problemas do hospital, posição igualmente defendida pelo Sindicato Independente dos Médicos.
O PSD também se pronunciou e já veio pedir uma audição urgente de Nuno Fachada no Parlamento.
DIRETOR DO SERVIÇO DE OBSTETRÍCIA DEMITIU-SE EM AGOSTO
Em agosto, o diretor do serviço de Obstetrícia do Hospital de Setúbal, Pinto de Almeida, também se demitiu do cargo devido à falta de profissionais, o que obrigou ao encerramento da urgência naquele mês, revelou a Ordem dos Médicos.
No mesmo mês, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) alertou que a falta de clínicos no hospital de Setúbal estava a pôr em risco a segurança das urgências e apelou ao encerramento deste serviço quando "os critérios mínimos não estejam assegurados".
Segundo o sindicato, as escalas de urgência da especialidade de medicina interna no Hospital São Bernardo, em Setúbal, "estão longe de cumprir os níveis de segurança necessários, com "vários dias ao longo do mês de agosto" com "menos de metade (nalguns casos menos de um terço) dos clínicos exigidos pelos critérios mínimos definidos pela Ordem dos Médicos".
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