Cerca de 100 utentes manifestaram-se, esta tarde, em frente ao hospital de São Bernardo, em Setúbal, exigindo mais médicos e melhores condições hospitalares.
"Ainda ontem me dirigi ao posto de saúde com uma crise de asma e não fui atendida. Depois dirigi-me aqui ao Hospital de Setúbal, também não tiveram oportunidade de me atender. Tive de ir de emergência para o Hospital da Luz e pagar um dinheirão", diz Fernanda Rodrigues, uma utente.
Os manifestantes estão contra aquilo que dizem ser um serviço hospitalar degradado e à beira da rutura.
O protesto foi organizado através das redes sociais para dar voz às dificuldades de centenas de utentes
"Falta de médicos, falta de pessoal, serviços que não conseguem dar respostas aos tratamentos, aos exames, às consultas. O próprio serviço de urgências tem condições desumanas", partilha Rita Drouilleb, da organização da manifestação.
Apesar de tudo, estas são já queixas antigas, agravadas pela pandemia.
Os utentes falam em falta de apoio por parte dos centros de saúde, o que leva a uma sobrecarga do hospital.
"Posso-lhe dizer que há 4 meses que estou à espera de uma consulta de oftalmologia, marcada pelo centro de saúde de Pinhal Novo e, até hoje [terça-feira], nem sequer se dignaram que está muito atrasado ou que não está", refere Francisco Arzileiro, outro utente.
Estes são problemas que ganharam destaque com a demissão em bloco de 87 médicos na semana passada.
O diretor clínico do hospital assume o descontentamento dos profissionais, mas garante que continuam a trabalhar com o mesmo empenho.
"As pessoas que estejam confiantes no nosso empenho que é o mesmo delas, é conseguirmos que as pessoas tenham uma assistência digna. Hoje [terça-feira] não é pior que há ma semana, agora nós achamos que chegámos à linha vermelha. Há que atuar rapidamente para evitar situações ainda piores", aponta Nuno Fachada.
Os cerca de cem utentes pedem mais médicos, melhores condições de acesso aos serviços e maior capacidade de resposta.