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Há cerca de 40 mil alunos que ainda não têm professores em todas as disciplinas

Números são avançados pela FENPROF.

Uma funcionária limpa uma sala de aula já disposta para o distanciamento dos alunos na Escola Secundária João de Barros, em Corroios, Almada.
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Os números não são exatos, mas, segundo a FENPROF, há cerca de 40 mil alunos que ainda não têm professores em todas as disciplinas, sendo que a falta de professores está pôr em causa a qualidade do ensino público.

Um mês depois do início das aulas, continuam a faltar professores para preencher vagas.

Todas as semanas, o Ministério da Educação abre recrutamento e os diretores dos agrupamentos já podem contratar diretamente, mas, ainda assim, milhares de alunos continuam sem professores nas disciplinas de Informática, Inglês, Geografia e Matemática.

"Os horários estão lá durante três dias na plataforma de ofertas e, se forem preenchidos, saem, mas ao fim do terceiro dia, se não forem preenchidos, têm também de ser retirados. O número de horários que está na plataforma de ofertas está na ordem dos 600, com um tempo médio de horário de 12 horas, portanto, serão à volta de três turmas, em média. Três turmas significa 40 a 50 mil alunos que não têm os professores todos", refere o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira.

"A escassez de professores, se não for resolvida, será a próxima pandemia na Educação", diz o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima.

Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve são as regiões onde há mais docentes em falta.

As vagas em aberto são pouco atrativas para os professores.

A maioria destina-se a horários de 12 a 15 horas, o que, em termos de salários, não compensa mudar de casa.

"O Orçamento do Estado é absolutamente zero relativamente àquilo que poderia atrair professores para preencher estes horários. Era preciso, em primeiro lugar, que o Ministério autorizasse as escolas a completarem os horários, porque se os horários forem completos, o salário é também completo, e já permite, pelo menos, que as pessoas que se deslocam de zonas do país para outras pudessem, pelo menos, pagar as despesas de habitação, deslocação e fixação", continua Mário Nogueira.

"Eu gostaria que o Orçamento previsto para a minha educação fosse reforçado, sobretudo, em recursos humanos", termina Filinto Lima.

Até final da década, prevê-se que 52 mil professores vão sair do ensino, e por motivos vários não há quem os substitua.

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