A guerra interna no PSD, com o discurso forte e "zangado" de recandidatura de Rui Rio, foi o tema do comentário de Ângela Silva, do Expresso, no Jornal das 7 da SIC Notícias.
Ângela Silva começou por referir que Rio se apresentou, mais do que "picado" - como se descreveu -, "zangado", o que considera estranho, pois o normal é um candidato eleitoral fazer um discurso numa vertente mais positiva e cativante.
Rui Rio referiu que "as eleições diretas no PSD são um risco desnecessário", contudo, a jornalista do Expresso discorda, referindo que "é a democracia a funcionar".
"Se é legítimo que haja eleições legislativas antecipadas, por que razão não pode haver a mesma democracia dentro de um partido?"
Relativamente a um timing que Rio refere não ser o melhor, Ângela Silva defende que "o tempo das disputas políticas não se discutem", sendo que aponta que o atual líder social-democrata já sabia que Rangel se preparava para o desafiar.
Ora, a existir eleições antecipadas em janeiro, 41 dias antes, os partidos necessitam de apresentar a listas de candidatos a deputados, sendo as eleições no PSD quase nesse tempo limite, o que faz com que pudesse existir dificuldade para Paulo Rangel conseguir apresentar a sua lista de candidatos, caso haja atraso nas eleições no partido.
"Seria impedir que Rangel se candidatasse a primeiro-ministro e Rui Rio está a tentar condicionar que Rangel ganhe o partido e se candidate", aponta Ângela Silva.
A jornalista do Expresso refere que Rui Rio aparece com um discurso forte, de vitória nas autárquicas, após vencer a capital e outros municípios importantes, referindo até que "só falta uma vitória, uma vitória nas legislativas".
Para Ângela Silva, nota-se "uma grande diferença de tom entre Rio e Rangel, com Rangel mais aguerrido e ambicioso - ''vamos ganhar as eleições e ter maioria absoluta - e Rio mais moderado", o que lhe poderá ser prejudicial, visto que "os partidos querem líderes com convicção e confiança na vitória".
Nota-se, igualmente, Paulo Rangel "sereno e a querer unir", e, para a jornalista, "um líder que se apresente zangado, tem mais dificuldade em unir o partido", falando do atual número um.
A jornalista refere, ainda, que "Rio sempre foi um líder muito fechado", com vice-presidentes que já se afastaram por falta de diálogo do presidente do partido, lembrando que "quem se fecha em excesso, tem dificuldade em unir".
Diz, ainda, que o apoio das distritais a Rangel significa que falhou algo na liderança de Rui Rio, o que poderá ter sido a "oposição frouxa a António Costa".
"Quando se encosta ao Governo, há mais dificuldade em combatê-lo", relembra.
Ângela Silva considera ainda que os "notáveis arrastam muito o voto livre, o voto de militante base", e que é preciso saber que notáveis que estiveram na tomada de posse de Carlos Moedas, como Aníbal Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho, se vão juntar a um dos lados nesta guerra interna no PSD.
A comentadora considera que Rangel tem mais gente com peso consigo, dando o exemplo do artigo de Aníbal Cavaco Silva no Expresso, que fala de uma "oposição débil e sem rumo" e que "é preciso mudança", ou até do ex-primeiro-ministro laranja, "que tem aparecido muito".
Assim, diz que Rangel leva vantagem, quer do aparelho, quer dos notáveis, e acrescenta:
"Há necessidade e ânsia de mudança no PSD."
Ângela Silva termina apontando para o aviso de Rui Rio a Marcelo Rebelo de Sousa sobre possíveis eleições antecipadas, em que se demonstra zangado com a possível flexibilização de prazos pelo Presidente da República, que poderá beneficiar Paulo Rangel.