Depois da desfiliação de Adolfo Mesquita Nunes, anunciada este sábado de manhã, sucedem-se as manifestações desagrado pela situação do partido.
As decisões surgem depois do conselho nacional dos democratas cristãos ter aprovado o adiamento do congresso para depois das legislativas.
O Conselho Nacional do CDS aprovou o adiamento, para depois das eleições legislativas, do congresso eletivo do partido, que deveria realizar-se a 27 e 28 de novembro, em Lamego. O cancelamento do congresso por proposta do presidente do partido foi aprovado com 144 votos a favor (57,8%), 101 contra (40,6%) e quatro abstenções (1,6%), disseram à Lusa várias fontes que assistiram à reunião.
Adolfo Mesquita Nunes desfilia-se do CDS
Adolfo Mesquita Nunes anunciou este sábado a desfiliação do CDS, após 25 anos de militância no partido. Numa publicação no Facebook, diz que o partido em que se filiou deixou de existir.
Mesquita Nunes justifica a decisão na convicção de que o partido é estruturalmente diferente do partido em que se filiou e que serviu como dirigente.
"O partido em que me filiei deixou de existir. Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo", lê-se numa nota publicada na página de Facebook de Adolfo Mesquita Nunes.
"Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir", acrescentou.
Manuel Castelo-Branco também sai
No Facebook, Manuel Castelo-Branco mostrou-se solidário com Adolfo Mesquita Nunes e também anunciou a saída do CDS.
"O CDS dos últimos dias foi semelhante ao Sporting de Bruno Carvalho, com enormes atropelos à legalidade e bom senso", escreveu.
No Facebook, acrescentou também:
"Está semana, depois de mais de 10 anos da liderança e uns 15 de filiação, assumo a minha orfandade ao projeto e apresentarei o meu pedido de desfiliação desta organização".
Ex-deputada Inês Teotónio Pereira e antigo dirigente João Maria Condeixa abandonam CDS
A antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa anunciaram a sua desfiliação do partido, argumentando já não reconhecerem a formação política em que acreditaram e se filiaram há décadas.
"Todos aqueles que votaram nesta direção deviam hoje pedir desculpa aos militantes do CDS e aos seus apoiantes pela humilhação a que sujeitaram o partido. Pelo menos aqueles que têm um mínimo de decência. O CDS não é o mesmo partido que sempre foi - está mais perto do PCTP-MRPP - e eu não pertenço ali. Por isso, e ao fim de décadas de militância, desfilio-me hoje com enorme tristeza", justificou Inês Teotónio Pereira, numa publicação na rede social Facebook.
Inês Teotónio Pereira foi deputada do CDS-PP na XII Legislatura, saída das eleições legislativas de junho de 2011, que deram a vitória ao PSD, que veio a formar governo com o CDS-PP, então liderado por Paulo Portas.
Também o antigo dirigente centrista João Maria Condeixa anunciou a sua desfiliação do partido, em que militava há 24 anos, revelando que a decisão que toma não é "circunstancial, embora os mais recentes acontecimentos e o tribalismo vivido no seio do CDS a tenham precipitado".
"Acreditei num partido, pluralista e aberto, onde os costumes não tivessem de ser apenas os que costumam. Acreditei no tal partido que fosse capaz de ir libertando o Homem do Estado e fosse construindo o Estado em função do Homem e não o Homem em função do Estado. Esse partido não veio. Pior, foi adiado", argumentou, na carta de desfiliação que partilhou na rede social Facebook.
Nuno Melo faz declaração esta tarde
Nuno Melo reage este sábado à tarde à decisão do conselho nacional, mas já escreveu no Twitter que está em causa a legalidade e a decência num partido fundador da democracia.
Depois de, na sexta-feira, Nuno Melo ter anunciado que o Conselho Nacional de Jurisdição do CDS tinha aceitado o seu pedido de impugnação do Conselho Nacional que, apesar disso, decorreu esta noite, o candidato à presidência do partido divulgou uma nota na rede social Facebook na qual afirma que "o que sucedeu nunca foi visto no CDS em 47 anos de história".
Segundo Nuno Melo, o Conselho Nacional de sexta-feira foi um "simulacro de deliberação", que violou a "decisão do Tribunal do partido" e passou "por cima da nulidade declarada", tendo sido promovido por um "presidente do Conselho Nacional que tomou decisões premeditadamente ilegais e foi obscenamente arbitrário na conduta".