O Hospital Lusíadas de Lisboa está a ser alvo de um processo por não ter tratado um utente que estava a ter um AVC. A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) constatou que, depois da triagem e do diagnóstico, o paciente foi aconselhado a dirigir-se ao hospital da área de residência pelos seus próprios meios e sem carta de transferência.
O caso acontece no dia 16 de janeiro de 2021: um homem entrou acompanhado pela esposa no serviço de urgências do Hospital Lusíadas de Lisboa e, na triagem, foi confirmado que o estado do utente era muito urgente, uma vez que estava a ter um AVC.
No entanto, o hospital, alegando que estava cheio, não tratou o homem e acabou por lhe recomendar que se dirigisse a um hospital público da área da residência. O INEM não foi chamado e o doente teve de se deslocar de táxi até ao hospital Santa Maria.
A ERS entende que o hospital violou o direito do utente a aceder aos cuidados de saúde adequados à situação. Por isso, deu conhecimento do caso à Ordem dos Médicos e ao Ministério Público.
► "O seu pai já morreu há dois dias, não sabia?"
Não é o único caso que a ERS divulgou esta segunda-feira: há mais 22 deliberações concluídas no terceiro trimestre deste ano. Entre elas, está um caso que visa a atuação do hospital Garcia de Orta, em Almada.
No dia 13 de janeiro de 2021, um homem morreu pelas 03:30 no serviço de gastroenterologia, depois de complicações após uma cirurgia. No entanto, a família continuou a receber do hospital informações de que a situação clínica do utente estaria dentro da conformidade.
Só na tarde do dia 14 é que um médico liga à família a dar a notícia da morte do utente, depois destes já terem tentado contactar o hospital.
O hospital Garcia da Orta reconheceu que a situação foi lamentável, apresentou as desculpas e abriu um inquérito interno. A ERS deliberou que se as práticas não forem resolvidas, o hospital pode ter de pagar uma multa que pode ir de mil a 44 mil euros.
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