Mais de 200 católicos assinaram uma carta onde pedem que seja feita uma investigação independente aos abusos sexuais na Igreja. A carta foi enviada ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) no dia em que começou a assembleia plenária da CEP.
A carta assinada por mais de duas centenas de católicos portugueses pede o lançamento de uma investigação nacional independente sobre os crimes de abusos sexuais cometidos nos últimos 50 anos.
"Apelamos veementemente à CEP que se alinhe com as orientações do Papa Francisco e tome, com caráter de urgência, a decisão de lançar uma investigação nacional rigorosa, abrangente e verdadeiramente independente, com o arco temporal de 50 anos."
Os subscritores manifestam o ceticismo que sentem em relação ao baixo número de abusos reportados em Portugal - cerca de uma dezena ao longo da última década - e dizem que não têm conhecimento de razões sociológicas que permitam que a experiência na Igreja portuguesa tenha sido diferente da de outros países.
Países nos quais as investigações desta natureza revelaram um problema sistémico de abusos e de encobrimento.
Já esta segunda-feira, em Fátima, no discurso de abertura dos trabalhos que decorrem até quinta-feira , o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa prometeu que a Igreja fará tudo para apurar a verdade histórica dos abusos sexuais no seio da instituição.
"Faremos tudo para proteger as vítimas, apurar a verdade histórica e impedir estas situações dramáticas que destroem pessoas e contradizem o ser e a missão da Igreja."
A carta foi enviada a D. José Ornelas, no mesmo dia em que o presidente da CEP anunciou a criação de uma comissão nacional para coordenar o trabalho das várias comissões diocesanas de proteção de menores que já existem.
A comissão terá como objetivo definir critérios e procedimentos comuns às 21 comissões diocesanas e prestar-lhes apoio.
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