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Demissão no Santa Maria: fazer "mil horas extraordinárias não é normal em sítio nenhum"

Alexandre Valentim Lourenço, presidente regional da Ordem dos Médicos do Sul, em entrevista à SIC Notícias considera que o volume de horas extraordinárias "significa que estão a fazer o seu trabalho a dobrar para corresponder às necessidades normais".

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Dez chefes de equipa dos serviços de urgência do Hospital de Santa Maria apresentaram a demissão esta quarta-feira. A degradação dos serviços e as horas extraordinárias estão na origem desta decisão, que entrará em vigor no dia 22 de novembro.

Contactada pela SIC, a administração do Santa Maria confirma ter recebido a carta e garante abertura para encontrar soluções para a organização do serviço. O Conselho de Administração do hospital informa ainda que já agendou reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana.

Em causa está a falta de médicos para preencher as equipas do bloco operatório. Os médicos internos recusam-se a fazer mais horas extraordinárias para além das 150 horas anuais obrigatórias. Há casos de clínicos que no último ano fizeram mais de 1.000 horas, muitas sem serem pagas.

Alexandre Valentim Lourenço, presidente Regional da Ordem dos Médicos do Sul, em entrevista à SIC Notícias, considera que "1.000 horas extraordinárias não é normal em sítio nenhum". E quando um centro hospitalar "recorre a este volume de horas extraordinárias, deixa esgotados os profissionais".

"Significa que estão a fazer o seu trabalho a dobrar para corresponder às necessidades normais."

O presidente Regional da Ordem dos Médicos do Sul explica que esta "doença sistémica está a chegar aos hospitais de fim de linha", neste caso o Santa Maria que é o que "responde à falência dos outros hospitais" e "tecnicamente aos casos mais graves". E acrescenta que não é atrativo um hospital que "se trabalhe além das 40 horas semanais mais 30 horas semanais consecutivamente todos os meses".