O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, foi esta sexta-feira absolvido no caso Selminho. Acusado de prevaricação por favorecer a imobiliária da família, de que era sócio, em detrimento do município portuense, Rui Moreira sublinha que “hoje fez-se justiça”.
“Sinto que para além da absolvição, foi reparada a minha honra e desfeita qualquer dúvida que pudesse existir”, o autarca ainda acrescenta que “foi sempre um processo político”.
Rui Moreira afirma que os portuenses podem questionar-se “se os resultados das últimas eleições autárquicas não terão sido afetados pela cortina de fumo e de suspeição”, visto que “mesmo sem sentença”, foi “condenado insistentemente na praça pública”.
“Houve quem se abespinhasse por a campanha eleitoral não ser ter concentrado, apenas, nesta suspeita. Houve partidos políticos, e um líder político em particular, que não respeitaram a presunção da inocência”, afirmou.
Em maio de 2021, o presidente do PSD afirmou que se estivesse na situação de Rui Moreira não se recandidataria à Câmara Municipal do Porto, alertando para o “risco” que este corria de ter de “sair pela porta de trás” da autarquia.
“Conhecendo eu o Porto, a honra, o respeito que as pessoas veem na figura institucional do presidente da Câmara do Porto, correr o risco de, a meio do mandato, pela primeira vez na história da cidade do Porto, um presidente ter de sair não pela porta da frente, mas pela porta de trás, com um tribunal a dizer ‘perdeste o mandato, rua porque cometeste um crime’… é muito mau para o Porto”, afirmou à época Rui Rio.
O coletivo de juízes considerou que não ficou provado que o autarca tenha dado instruções ou agido com o propósito de beneficiar a Selminho.
Rui Moreira reforça que a acusação era “destituída de qualquer fundamento” e com a qual “sofreu muito”.
O autarca portuense critica, ainda, o Ministério Público, que não quis ouvir a testemunha-chave apresentado pela defesa.
Após a leitura do acórdão, o procurador Luís Carvalho pediu a palavra à juíza presidente, dizendo “não se conformar” com a decisão, razão pela qual anunciou que vai interpor recurso para o Tribunal da Relação do Porto.
“O Ministério Público é livre de interpor recurso, faz parte das regras do jogo” e diz-se surpreendido de a entidade “não ter procurado, nem ter o cuidado de ler o extenso acórdão do que ele (MP) e eu fomos confrontados”.
Rui Moreira remata, confiante, que não receia esse recurso.
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