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Padre suspeito de abusos sexuais está afastado apenas por estar doente

Em causa está um caso que remonta à década de 90 e que envolve um padre responsável por duas paróquias no distrito de Lisboa.

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O jornal Observador deu conta, esta quarta-feira, de mais um caso de alegados abusos sexuais na Igreja. Além disso, conta o jornal online, o atual cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, não só "teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado" como chegou a encontrar-se pessoalmente com a vítima".

Na antena da SIC Notícias, uma das autoras do texto, a jornalista Sónia Simões, explicou que na resposta às "11 perguntas" feitas pelo Observador, D. Manuel Clemente respondeu apenas com "um parágrafo". Nele confirmou que "recebeu esta vítima", mas justifica que "fez-lhe a vontade de permanecer em silêncio e de não contactar as autoridades".

Desde 2001 que [o padre] não tem nenhuma paróquia atribuída. O que este padre fez foi criar uma associação, que não está ligada à Igreja nem é controlada pela Igreja, onde faz celebrações e onde recebe crianças e faz retiros, e é uma associação muito procurada. Portanto, o contacto com menores, continuou. A Igreja sabia mas não tinha poder sobre a associação

O padre em questão, que ainda na década de 90 foi afastado das duas paróquias que lhe estavam atribuídas, manteve-se no ativo também na Igreja, com funções de capelania e até adoecer. A jornalista do Observador diz, aliás, que neste momento o padre só está afastado "dos serviços de capelão apenas por motivos de saúde".

Quanto ao caso, Sónia Simões explica que já prescreveu, mas o padre ainda "pode ser investigado porque é entendimento [das autoridades e da Comissão Independente] que um suspeito que pratique um crime de abuso sexual de menores dificilmente o fará só uma vez. (...) Poderão haver outros casos que não chegaram à polícia. Portanto há margem para investigar, mas este crime em concreto está prescrito".

Refira-se que, a atuação do patriarca neste caso contrariou "as atuais normas internas da Igreja Católica para este tipo de situações, que determinam a comunicação às autoridades civis de todos os casos", escreve o Observador, revelando que este caso faz parte das "mais de 300 denúncias já recebidas pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa - e o nome deste sacerdote é também um dos sete que já se encontram nas mãos da Polícia Judiciária para serem investigados".