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“Caso Marega” em manual de Filosofia gera polémica 

Vitória de Guimarães fez uma exigência e a Porto Editora já reagiu.

“Caso Marega” em manual de Filosofia gera polémica 
MANUEL FERNANDO ARAUJO

O Vitória de Guimarães exige a retificação de um manual de Filosofia do 10.º ano, que usa como caso de estudo o episódio com o futebolista Moussa Marega, num jogo do clube vitoriano contra o FC Porto em que o jogador abandonou o relvado após sofrer insultos racistas.

Em causa está a referência direta ao clube e aos adeptos como autores dos insultos racistas, no jogo que decorreu no Estádio D. Afonso Henriques, a 16 de fevereiro de 2020.

A abertura do Primeiro Jornal da SIC, no dia seguinte aos insultos, serve de ponto de partida para a discussão sobre juízos morais e subjetividade que o livro “Ágora” lança aos alunos.

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“Primeiro Jornal”, 17 de fevereiro de 2020

Vitória de Guimarães exige retirada das referências ao clube e aos adeptos

A escolha deste caso leva agora o Vitória de Guimarães a emitir um comunicado, no qual mostra indignação com a referência direta ao clube e aos adeptos.

“Em prol das gerações futuras”, é o título escolhido pelo clube vimarense para exigir que o caso seja retirado do manual, sublinhando ainda que foi absolvido de todas as acusações.

“Por todas as razões, e por se sentirem visados de forma infundada, os vitorianos, os vimaranenses e o Vitória Sport Clube exigem a retirada do referido caso de estudo deste livro, que potencia a criação de um estigma injustificado sobre milhares de adeptos e sobre um clube que celebra, dentro de dois meses, o seu Centenário”, escreve o clube no site oficial.

Esta é a uma ideia que a Porto Editora, uma das maiores editoras nacionais, rejeita, dizendo mesmo que “é errado afirmar que este manual potencia a 'criação de um estigma injustificado sobre milhares de adeptos'.”

"Pelo contrário, promove a análise, discussão e debate de um tema segundo diferentes perspetivas”, defende.

Associação de adeptos pede que livre não chegue às salas de aula

Uma associação de adeptos pede à direção do clube de Guimarães para avançar com uma queixa-crime por difamação e instaurar uma providencia cautelar para impedir que o livro chegue às salas de aula.

No entanto, o “Ágora” já foi lançado em 2021, mas só agora é que surgiu a polémica.

Em resposta à SIC, a Porto Editora pede desculpa pela referência e admite fazer alterações ao texto nas próximas impressões do manual:

“Os autores referem-se aos adeptos do Vitória como os autores dos insultos racistas. Ora, a Justiça absolveu o Clube de tais acusações e foram multados três espetadores que estavam no estádio. Neste sentido, pedimos desculpa ao Vitória e aos adeptos vitorianos e vamos proceder à correção do texto, nos livros que ainda não foram impressos”, adianta.

O caso Marega

O caso aconteceu a 16 de fevereiro de 2020. Após assinalar o golo da vitória do FC Porto, Marega abandonou o relvado em resposta aos cânticos racistas que de que tinha sido alvo.

O caso chegou à Justiça e o processo resultou na condenação de três adeptos.

Os adeptos foram obrigados a pagar uma multa de 3 mil euros, impedidos de aceder a recintos desportivos durante um ano e tiveram de publicar um pedido de desculpas público ao jogador.