Quase uma dezena de famílias de um bairro da Trafaria, em Almada, pedem a paragem da demolição das casas enquanto não tiverem para onde ir. Há moradores que acusam a Câmara Municipal de não arranjar realojamento, algo que a autarquia desmente, defendendo que há soluções para todos os casos.
Adriano Kunzingami tem 33 anos e mora há 12 numa casa que, ainda hoje, será derrubada. Como faz teletrabalho garante que "é uma incerteza quanto a tudo (...) e agora trabalho onde? Fico sem trabalho e sem casa". Além de Adriano ficar sem casa, foi uma das pessoas do bairro a ficar fora do processo de realojamento da Camara Municipal de Almada.
Seis famílias do Segundo Torrão avançaram com uma providência cautelar urgente afim de suspender a demolição das casas enquanto não forem realojadas. A providência já foi aceite, mas não evitará a destruição das casas.
O advogado das famílias, Vasco Barata, assume que o "mais importante, neste caso, é a ação principal, que é pedir que as pessoas sejam integradas no processo de realojamento que a Câmara iniciou e que as excluiu indevidamente".
São cerca de 80 as habitações ilegais que, segundo a Câmara, são ilegais por estarem construídas sobre um canal de escoamento de águas. Fonte da Câmara de Almada garante à SIC que a maior parte das famílias elegíveis já tem solução e as restantes terão a situação resolvida entretanto, adiantando ainda que de fora do processo de realojamento ficam os casos que usam a casa no bairro como segunda habitação.
A mesma fonte diz que a Câmara tem em marcha a construção de 95 habitações para realojamento.
Alexandra Leal, fundadora da Associação Cova do Mar, sublinha que os moradores estão num “desespero global” e "há um sentimento de violência psicológica e emocional (...) porque é tudo muito em cima da hora".
O objetivo da Câmara é que estas casas sejam demolidas até quinta-feira.