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Operação Vórtex: as explicações do deputado do PSD que (também) foi alvo de buscas

O MP vai pedir o levantamento da imunidade parlamentar do vice-presidente da bancada do PSD, no âmbito da Operação Vórtex, que levou à detenção do socialista Miguel Reis, atual autarca de Espinho.

Operação Vórtex: as explicações do deputado do PSD que (também) foi alvo de buscas
Rui Duarte Silva/Expresso

Depois da detenção do atual autarca de Espinho, o ónus parece ter passado para o ex-presidente de Câmara, Joaquim Pinto Moreira, atual vice-presidente da bancada parlamentar do PSD. E, na sequência da notícia de que o Ministério Público (MP) vai pedir o levantamento da sua imunidade, o deputado social-democrata quis esclarecer a questão devido ao que designa por “desinformação tendenciosa”.

“O meu domicílio foi hoje objeto de buscas tendo sido apreendido o meu computador profissional, que uso no exercício da minha profissão de advogado, e o meu telefone”, revela, esclarecendo porém que “nada mais foi apreendido, seja documento ou qualquer outro elemento”.

“Não dispondo dessa informação, mas presumindo que o inquérito se encontra em segredo de justiça, posso adiantar que o contexto investigatório se reporta ao ano de 2022 e respeita a intenções de investimento não concretizadas e a operações urbanísticas tramitadas no atual mandato autárquico, ainda que algumas possam ter transitado de mandatos anteriores”, acrescenta no comunicado de sete pontos.

Sobre as declarações do chefe de gabinete do atual presidente da Câmara Municipal de Espinho, Miguel Reis, o social-democrata diz repudiá-las pela forma “irresponsável e inapropriadamente [como] quis desviar o foco de uma investigação que não me tem, certamente, no seu epicentro".

E deixa uma garantia: “se vier a ser solicitado o levantamento da minha imunidade parlamentar, estarei totalmente disponível para, seja em que qualidade for, colaborar totalmente com a justiça”, em nome, concluiu, da “descoberta da verdade”.

Autarca é um dos cinco detidos

A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje uma operação policial - que designa por Operação Vórtex - para dar cumprimento de mandados de detenção e de buscas. Sob investigação estão crimes de natureza económico-financeira.

No âmbito desta operação foram realizadas "cerca de duas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia local, residências de funcionários da autarquia e diversas empresas sedeadas nos concelhos de Espinho e Porto, tendo-se procedido “à detenção de cinco pessoas”, entre os quais o atual autarca de Espinho, o socialista Adelino Miguel Lino Moreira Reis, sabe a SIC.

“Os detidos, um titular de cargo político, um funcionário da autarquia e três empresários, encontram-se indiciados pela prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências”, especifica a PJ no comunicado enviado, ao início da tarde, às redações.

A PJ, através da Diretoria do Norte e na sequência de um inquérito crime titulado pelo Ministério Público - DIAP Regional do Porto, revela que “a investigação versa sobre projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

Participaram na Operação Vórtex, magistrados do DIAP Regional Porto, bem como investigadores e peritos financeiros da Diretoria do Norte, e peritos informáticos de várias estruturas da Polícia Judiciária.

Os detidos serão presentes à competente autoridade judiciária no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

Miguel Reis foi eleito presidente da Câmara de Espinho, distrito de Aveiro, pelo PS nas autárquicas de 2021.