Há muito que não se via uma manifestação de professores com tanta gente como a de este sábado. Segundo o sindicato que convocou o protesto, foram cerca de 100 mil profissionais do setor da educação contra o Governo e em defesa da escola pública. Exigem que sejam contados todos os anos da carreira e pedem a demissão do ministro da Educação.
A manifestação dos 120 mil professores foi a maior de sempre, decorria o ano de 2008. Quase 15 anos depois, não chegam a tantos, mas o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) aponta para quase 100 mil participantes.
Começaram ao início da tarde na Praça Marquês de Pombal e desceram a Avenida da Liberdade até ao Terreiro do Paço. Professores e não só. Pais, alunos e outros profissionais do setor juntaram-se à marcha.
“Isto não é só uma luta de professores. Assistentes operacionais, técnicos, técnicos superior de educação e muitos outros profissionais. E está a crescer. Os pais, apesar do incómoda, sabem que estamos a zelar pelo interesse dos filhos”, afirmou André Pestana, coordenador do STOP.
Perante uma Praça do Comércio cheia, o coordenador nacional do STOP, André Pestana, disse que os cordões humanos e os protestos nas escolas vão continuar e que os professores vão concentrar-se junto do Ministério da Educação na próxima semana.
O sindicalista pediu também a demissão do ministro da Educação, João Costa, sublinhando que o governante "faz parte do problema e não da solução".
Fiscalizações direcionadas a autocarros de professores?
O protesto foi também marcado pelas denúncias do sindicato, que diz que os autocarros com professores foram revistados. As autoridades negam operações direcionadas e garantem que foram aleatórias.
Em comunicado, a GNR refere que "executou durante toda a manhã a sua atividade diária no âmbito da fiscalização rodoviária e poderão ter sido aleatoriamente fiscalizados veículos pesados de passageiros, tais como vários outros veículos".
A Guarda Nacional Republicana salienta, contudo, que "não correspondem à verdade as alegações de que estas operações visam as deslocações de professores e que é pretensão dificultar este movimento, atendendo a que as fiscalizações são completamente aleatórias".
Também a PSP desmentiu ter "fiscalizado os veículos em que os manifestantes se fizeram transportar".
As reações políticas
Em dia de manifestação dos professores, o primeiro-ministro insiste que nunca esteve previsto a contratação de professores passar para a alçada das autarquias. António Costa disse mesmo que tal é uma “fantasia”.
O secretário-geral do PS coloca como prioridades a vigência de um modelo que reforce a vinculação e combata a precariedade dos professores.
"Queremos acabar com algo que se arrasta há décadas, em que o professor tem de andar com a casa às costas até ficar definitivamente vinculado. Temos de adotar um regime que é normal em todas as carreiras: não pode haver concursos obrigatórios de cinco em cinco anos. As pessoas estão colocadas no seu posto de trabalho e só saem de lá se desejarem e quando houver vaga noutro lugar ", defende.
Ao lado dos professores, a coordenadora-geral do Bloco de Esquerda disse que é inaceitável a forma como o PS tem tratado as escolas e aponta o dedo a João Costa. Já a líder do PAN desvalorizou a legalidade das greves.
Ainda durante a tarde, o Chega deu entrada a um projeto de lei que propõe a alteração ao estatuto da carreira docente de educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário.
Segundo a proposta, podem requerer a aposentação antecipada,os subscritores que tenham, pelo menos, 60 anos de idade e 36 anos de exercício efetivo de funções.
O PSD condena o tom “inaceitável” com que o Governo se tem dirigido à classe e acusa o ministro da Educação de ter tentado virar a sociedade “contra os professores”.
O Livre sugere ao Governo “mostrar ao país que valoriza a opinião dos professores”.