Centenas de reformados prometem sair esta terça-fera às ruas nas principais cidades do país para exigir uma atualização de 60 euros em todas as reformas, bem como medidas do Governo para travar a inflação nos bens essenciais.
Para as principais avenidas e praças do país estão marcadas concentrações, manifestações e distribuição de informação à população, disse à agência Lusa a presidente do MURPI - Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, Isabel Gomes.
Estão previstas ações para Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria, Braga, Guimarães, Aveiro, Viseu, Guarda, Entroncamento, Almada, Setúbal, Barreiro, Beja, Évora, Grândola, Portalegre e Faro, numa iniciativa do MURPI e da Inter-Reformados (CGTP-In).
Os pensionistas exigem que o Governo trave a escalada dos preços de bens essenciais como o leite, a carne e o peixe.
De acordo com a dirigente do MURPI, mesmo os pensionistas com reformas iguais ou superiores a mil euros estão a enfrentar dificuldades para pagarem os medicamentos e os custos das rendas na habitação, havendo casos de pessoas que foram obrigadas a trocar a casa por um quarto.
"Os pensionistas receberam no início deste mês a sua reforma com um valor que ficou muito aquém do que lhes é devido. Com o malabarismo de meia pensão em outubro, a pensão deste mês que deveria trazer um aumento na ordem dos 7% a 8%, veio apenas com 3,5% e 4,8%", referem em comunicado os organizadores do protesto.
Mais de 11 mil reformados recebem menos do que aquilo a que têm direito
O Governo travou a subida das pensões a mais de 11 mil novos reformados. Tudo isto porque a fórmula de cálculo para este ano não foi atualizada.
A lei obriga a que, todos os anos, o Governo atualize os valores dos salários declarados à Segurança Social ou à Caixa Geral de Aposentações, segundo a inflação do ano anterior.

No ano passado fixou-se em 1,24% e até esta semana, a atualização ainda não tinha sido feita. Por esse motivo, os mais de 11 mil contribuintes que pediram a reforma em 2022 estão a receber menos do que aquilo a que têm direito.
A título de exemplo, numa pensão de 800 euros poderia representar mais 14 euros por mês, cerca de 200 euros num ano.
Só a 10 de janeiro, depois de o caso se ter tornado público, é que a ordem foi dada e com efeitos retroativos.
"Nos anos anteriores isto não se fez sentir tanto porque a inflação não existia, era negativa, portanto não havia aumentos, mas este ano haveria. Teria de ter havido aumentos em 2022, pelo menos o aumento de 0,24%. Não houve aumento num ano terrível em que as pessoas precisavam do dinheiro, porque não foi publicada a portaria. Eu penso que este tipo de portaria deveria ser publicada logo que se soubesse qual foi a inflação do ano anterior", revelou Maria do Rosário Gama da Associação de Aposentados, pensionistas e Reformados.