O PS vai votar a favor da proposta do BE para a constituição de uma comissão de inquérito sobre a TAP, mas não a do Chega, anunciou esta quarta-feira o deputado socialista Carlos Pereira.
À entrada para o debate que hoje decorre no plenário das duas propostas para a abertura de um inquérito parlamentar sobre a companhia aérea, já era conhecido que apenas a do BE iria ser viabilizada uma vez que, em 10 de janeiro, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, anunciou a abstenção, considerando o âmbito e as questões suscitadas na iniciativa dos bloquistas.
"Não votaremos a favor da comissão de inquérito do Chega e votaremos a favor da do Bloco de Esquerda", respondeu, durante o debate, o deputado do PS Carlos Pereira.
PSD sublinha que o objetivo do PS é “salvar o ministro das Finanças”
O vice-presidente da bancada do PSD Hugo Carneiro acusou o PS de se apresentar no debate de "forma tímida" e a bancada socialista de ter mudado de posição, passando do anúncio da abstenção para o voto a favor da proposta do BE.
"O único propósito que o PS tem nesta discussão é salvar o ministro das Finanças, nem a presidência da comissão parlamentar de inquérito queria", criticou o social-democrata, questionando porque não viabilizará também a proposta do Chega.
Na resposta, o socialista explicou ao PSD que, "para o PS, aprovar uma comissão de inquérito do Chega não é a mesma coisa".
"Se para o PSD não há problema nenhum, para o PS há uma grande questão de fundo que espero que não seja preciso explicar ao PSD", replicou.
Chega diz que não deixará de questionar as responsabilidades do ministro das Finanças
Na reta final do debate, o líder do Chega, André Ventura, avisou que o partido não deixará de questionar as responsabilidades do ministro das Finanças, considerando que o tempo de Fernando Medina "está a chegar ao fim".
Na apresentação da proposta, a deputada do BE Mariana Mortágua defendeu que "uma coisa é um esquecimento, outra é o estado de negação a que chegou a maioria absoluta de António Costa", referindo que na entrevista de segunda-feira o primeiro-ministro "negou que os salários e indemnizações da TAP fossem um assunto do Governo".
"A comissão de inquérito proposta pelo Bloco de Esquerda tem objetivos simples: romper com o vício da negação e do esquecimento, trazer transparência à gestão da TAP, apurar responsabilidades e reverter decisões que ofendem os trabalhadores e que lesam o interesse público", explicou.
No período da apresentação da sua proposta, o presidente e deputado do Chega, André Ventura, considerou que todo este processo da TAP é a "vergonha socialista no seu melhor" e afirmou que a companhia aérea "é o novo Novo Banco e tem um responsável que chama António Costa e PS".
O Chega quer por isso uma "investigação séria e profunda" porque é preciso "averiguar tudo e de todos" para saber "como foi gasto o dinheiro" dos contribuintes "doa a quem doer".