Ninguém assume responsabilidades pela situação dos 24 imigrantes que vivem debaixo de um viaduto, no Porto. A Câmara diz que é uma competência do SEF e da Segurança Social. O SEF descarta essa responsabilidade e diz que há entidades competentes. Com o impasse instalado, estes homens temem ser retirados do local, sem terem para onde ir.
"Um quarto custa, no mínimo, 400 euros. Se pagar 400 euros por um quarto, fico sem comer. Fico sem comer e ainda tenho de mandar algum dinheiro para Marrocos para as crianças ou para os meus pais. Assim fico sem nada para mandar. É por isso que durmo aqui. Durmo aqui para juntar algum dinheiro que depois envio para Marrocos".
Chegou a Portugal há quase dois anos. O pouco que trouxe é o pouco com que continua a viver. Foi passando por alguns empregos temporários e com salários muito baixos, sem casa e sem dinheiro encontrou no acampamento um último refúgio para sobreviver.
Só alguns têm trabalho. Os restantes vivem da caridade.
As 17 tendas são há vários meses a casa improvisada de 24 homens da Argélia, Marrocos e Tunísia que estão, segundo o SEF, em processo de legalização.
A notícia tirou-os do anonimato e trouxe as autoridades ao acampamento, mas ainda sem solução.
O SEF diz que não tem competência na integração de estrangeiros em Portugal nem na fiscalização das condições em que vivem e sublinha que há entidades responsáveis para o efeito.
O grupo de imigrantes que, esta sexta-feira, recebeu a visita de técnicas da Segurança Social teme que a pressão pública os obrigue a sair do local sem terem casa onde ficar.