O secretário-geral da Fenprof estimou esta sábado estarem cerca de 80 mil professores nas manifestações de Lisboa e do Porto, um número que mostra que os docentes não estão cansados e "a luta vai continuar".
A luta não vai parar
"Para quem achava que os professores estavam cansados e fartos de lutar, bem podem meter a viola no saco. Estão 40 mil professores aqui e outros 40 mil lá no Porto, o que quer dizer que temos a maior manifestação nas ruas", anunciou Mário Nogueira em frente à Assembleia da República, o destino da manifestação em Lisboa que começou às 15:30 no Rossio.
Mário Nogueira criticou ainda o pedido de serviços mínimos para os dois dias de greve regional que decorreram na quinta e sexta-feira, considerando a decisão "intolerável" e garantindo que "a luta não vai parar".
António Costa “mentiu”
"A luta vai continuar enquanto os professores não forem respeitados", afirmou, apelando aos docentes para que estejam presentes junto ao ministério no próximo dia 9 de março, quando se realiza a reunião suplementar para negociar um novo regime de recrutamento e colocação de professores.
O secretário-geral do sindicato acusou o primeiro-ministro de mentir e pediu a António Costa que resolva os problemas dos docentes.
“Não há professores”
O Bloco de Esquerda fez-se representar por Joana Mortágua na manifestação, em Lisboa, e reforçou o apelo por mais investimento na escola pública.
Joana Mortágua disse que não é aceitável que haja docentes a considerar mudar de profissão por falta de condições dignas de trabalho. A representante do BE frisou que “não há professores” em vários pontos do país e que os docentes têm vindo a ser injustiçados pelo Governo.
Docentes “andam a ser maltratados”
Já o PCP, que também esteve presente na manifestação, em Lisboa, pela pessoa de Jorge Pires, da Comissão Política do Partido, disse que o Governo não pode continuar a desvalorizar os professores.
Jorge Pires relembra o esforço destes profissionais que “andam a ser maltratados”, apesar de se dedicarem “de corpo e alma” aos alunos.
Dignidade para os professores
O Chega também se juntou à manifestação, em frente ao Parlamento, em Lisboa. O deputado, Pedro Frazão, alertou que os professores lutam pela escola pública e pela dignificação da sua profissão.
O deputado acrescentou que o Governo está a “favorecer” os colégios privados, ao não investir no ensino público, uma vez que “os pais que queiram educação aos seus filhos estejam a passar os filhos para o privado”.
Cinco mil pessoas ocuparam os Aliados, no Porto
Mais de cinco mil professores ocuparam esta tarde a Avenida dos Aliados, no Porto, em protesto contra as propostas governamentais para um novo regime de recrutamento e colocação e a ausência de abertura para negociar reivindicações antigas.
"São milhares de professores. Quando a frente da manifestação chegou aos Aliados, a cauda ainda estava no Marquês. Acredito que sejam para cima de cinco mil no protesto", disse à Lusa um agente da PSP que controlava o trânsito na Avenida dos Aliados às 17:00.
Munidos de bombos, apitos, cartazes, altifalantes e microfones, milhares de docentes de vários pontos do país -- Braga, Bragança, Viana do Castelo, Coimbra, Aveiro, Maia, Matosinhos, Porto, entre outras localidades -- afluíram aos Aliados por volta das 17:00, depois de desfilarem por várias ruas do Porto, desde a Praça do Marquês.
Sindicatos e Ministério da Educação estão desde setembro a negociar para tentar chegar a acordo quanto ao novo modelo de recrutamento e colocação de professores.
CDS requereu a intervenção de Bruxelas
No Porto, Nuno Melo, líder do CDS juntou-se ao protesto. Considerou que há discriminação entre os professores do continente e das ilhas, e por isso pediu a intervenção de Bruxelas.
Reuniões com o Governo terminaram sem acordo
Na semana passada realizou-se a última reunião que terminou sem acordo, tendo os sindicatos anunciado que vão pedir reuniões suplementares.
A nova proposta apresentada esta semana pelo Governo não convenceu os sindicatos que dizem manter algumas das "linhas vermelhas" que os docentes já tinham apontado, como é o caso da criação de Conselhos de Quadro de Zona Pedagógica.
Os professores estão em greve desde dezembro, na altura com uma paralisação por tempo indeterminado convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (Stop), que se mantém em protesto contra a proposta do Governo para os concursos e colocação de professores.