Milhares de trabalhadores manifestam-se este sábado em Lisboa. O protesto, convocado pela CGTP, reivindica aumentos dos salários e das pensões, assim como o reforço dos serviços públicos.
"Costa, escuta: o povo está em luta" ou "o povo unido, jamais será vencido" são algumas das palavras de ordem que se ouvem entre os manifestantes que reclamam contra "os baixos salários".
Entre faixas onde se pode ler "contra a precariedade", "por salários reais" ou "posto de trabalho permanente igual a vínculo de trabalho efetivo", um grupo de mineiros canta em protesto, outros jovens que defendem que a luta "continua nas empresas e na rua" ou um grupo alargado, com vários pensionistas, que protesta contra "uma vida a trabalhar, as pensões estão a roubar".
Na manifestação estão trabalhadores da administração pública dos setores das autarquias, educação, saúde e serviços públicos e também do setor privado, desde a indústria ao comércio, à hotelaria e alimentação, entre outros.
CGTP diz que é urgente que Governo tome medidas
A secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, diz que é urgente que o Governo tome medidas.
Isabel Camarinha exige o aumento de salários, a atualização de pensões, o controlo de preços e a taxação de lucros das grandes empresas.
Catarina Martins pede ao Governo que “respeite quem trabalha”
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, participa também na manifestação convocada pela CGTP. Pede ao Governo que “respeite quem trabalha” com aumento salariais e pensões e controlo das margens de lucro para travar a inflação.
“O que o Governo prometeu é que os salários iriam aumentar, o que não aconteceu. O Governo disse que tinha um acordo no privado que ia garantir aumentos nos privados, disse mais, que ia garantir recuperação de salários dos rendimentos do trabalho e o que está a acontecer é o contrário, as pessoas cada vez tem menos dinheiro para pagar as contas”, disse.
Catarina Martins critica a inação do Executivo, afirmando que este “não tem feito quase nada”. “É só anúncios e powerpoints, não se viu nada”, acrescenta.
“As pessoas veem só a vida cada vez mais difíceis, veem os anúncios de milhões de lucros dos grandes grupos económicos, veem as remunerações milionária das administrações dos grandes grupos económicos e a única coisa que sabem é que o seu salário não chega sequer para pagar a conta do supermercado.”
Chega diz que manifestação não é “de esquerda nem de direita” mas de todos
O Chega também se juntou à manifestação, sublinhando que, além do aumento salarial, o Estado tem também de aplicar um controlo efetivo de regulação do mercado. Bruno Nunes, deputado do Chega, sublinha que este protesto não é “de esquerda nem de direita”, mas de todos.
“A adesão era prevista, percebendo que a população está claramente revoltada contra toda esta situação e percebe que a conjuntura atual afeta todos. Isto não é de esquerda nem de direita, todos sofremos”, afirma.
Quando questionado se o partido, posicionado na extrema direita, não será acusado de oportunismo por se juntar a uma manifestação convocada pela CGTP, Bruno Nunes nega tal cenário.
“Não é uma questão de oportunismo, é uma questão de percebermos que temos de estar neste momento, enquanto políticos temos de sair do sofá e estar ao lado da população.”
PCP pede aumento de salários
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, diz que os apoios do Governo não servem e que é necessário aumento de salários. O responsável defende ainda que a "emergência nacional" sobre aumentos salariais "é uma batalha completamente ganha do ponto de vista teórico", mas falta passar à prática.
"Eu acho que essa é uma batalha que está completamente ganha. Há uma emergência nacional que hoje se aplica na questão dos salários, que é uma emergência nacional, que é para todos os salários, acho que é uma batalha que está completamente ganha do ponto vista teórico, agora é preciso passá-la à prática", afirmou Paulo Raimundo à margem da manifestação convocada pela CGTP-IN em Lisboa.
Para o líder comunista, os "milhares e milhares" que se juntaram nesta manifestação estão precisamente a "afirmar essa necessidade".
Paulo Raimundo enalteceu os manifestantes que, "com muitos problemas, com muitas dificuldades, mas com uma grande determinação" querem "resolver os problemas com esta força toda".
Há "muitos professores" sem dinheiro para serem colocados em Lisboa
A Fenprof também marcou presença na manifestação nacional da CGTP deste sábado, em Lisboa.
Mário Nogueira diz que o aumento do custo de vida afeta principalmente os professores em início de carreira.
"Esta é um manifestação dos trabalhadores todos que são afetados pelo aumento de custa dos produtos, alimentos, da energia, da habitação. Hoje é um dia dos professores que além dos problemas próprios vivem também os problemas gerais dos portugueses. Há muitos professores, nomeadamente os mais jovens, que, por exemplo em Lisboa, não têm dinheiro para serem colocados aqui porque o custo de vida em Lisboa não é confortável para quem tem um salário de professor em início de carreira".
Público e privado juntos em protesto
O protesto, que tem como lema "Todos a Lisboa! Aumento Geral dos Salários e Pensões - Emergência Nacional", arranca de dois pontos diferentes da cidade. Enquanto os trabalhadores da Administração Pública, iniciam o protesto nas Amoreiras; os trabalhadores do setor privado e do setor empresarial do Estado, arrancam do Saldanha.
Os trabalhadores seguem rumo ao Marquês de Pombal, descendo a Avenida da Liberdade em direção aos Restauradores, onde estão previstas as intervenções da Interjovem e da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
A manifestação da CGTP foi convocada em 17 de fevereiro. A intersindical exige o aumento imediato dos salários e pensões de pelo menos 10% ou de 100 euros, no mínimo, para todos os trabalhadores, bem como a fixação de limites máximos nos preços dos bens e serviços essenciais e a taxação extraordinária sobre os lucros das grandes empresas.