A Polícia Judiciária realizou esta quinta-feira a operação “Última Edição” que levou à detenção do dono do grupo Impala, Jacques Rodrigues, e do filho, suspeitos de corrupção, insolvência dolosa, burla e outros crimes. Foram ainda detidas outras duas pessoas e há, no total, dez arguidos. Os crimes terão resultado numa fraude de 100 milhões de euros.
Jacques Rodrigues, de 83 anos, é dono da Impala, grupo de comunicação social que detém títulos como Nova Gente, Maria e TV/Dias.
A Polícia Judiciária fala num plano criminoso, as detenções surgem depois de dezenas de buscas em várias zonas dos distritos de Lisboa, Porto e Funchal.
"Em causa está uma investigação criminal cujo objeto visa um plano criminoso traçado para, entre o mais, ocultar a dissipação de património, através da adulteração de elementos contabilísticos de diversas empresas, em claro prejuízo de diversos credores, trabalhadores, fornecedores e o Estado, estando reconhecidos créditos num valor total de cerca de 100 milhões de euros.
Acresce ainda a forte indiciação do desvio de valores com origem nas estruturas societárias, para fora do território nacional, num montante global que ascenderá a largas dezenas de milhares de euros", refere a Polícia Judiciária, em comunicado enviado às redações.
A SIC sabe que, por causa da operação da PJ, esta manhã vários funcionários do grupo Impala estiveram sem acesso às contas para trabalhar.
Os detidos vão agora ser presentes a juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Sintra para conhecerem as medidas de coação.
De acordo com o comunicado da PJ, a operação policial “visou a execução de 32 mandados de busca, designadamente, oito buscas domiciliárias e 24 buscas não domiciliárias”.
A operação, designada "Última Edição", contou com a colaboração de diversas Unidades Nacionais da PJ, integrando mais de uma centena de investigadores criminais e peritos, para além de Magistrados Judiciais e do Ministério Público.
A Impala viu o Juízo de comércio de Sintra declarar em outubro a insolvência da Descobrirpress, de Jacques Rodrigues.
Os valores em dívida pelo grupo são há vários anos do conhecimento público, tendo em conta os litígios judiciais entre Jacques Rodrigues e muitos dos lesados, incluindo ex-trabalhadores.
Para o esquema fraudulento que passaria pela manipulação da contabilidade de diversas empresas, Jacques Rodrigues terá contado com a cumplicidade de várias pessoas, incluindo dos suspeitos detidos esta quinta-feira pela PJ.