A Ordem dos Médicos revelou, este sábado, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) só atrai 7% dos médicos estrangeiros residentes em Portugal. O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, desvaloriza esse valor e sublinha que a prioridade é contratar médicos portugueses e, só depois, profissionais estrangeiros.
“A nossa preocupação é garantir acesso de qualidade aos portugueses. Claro que prioritariamente com médicos portugueses. Quando for necessário, com médicos de outras nacionalidades. Não há nenhum preconceito nessa matéria”, afirma.
Manuel Pizarro acrescenta ainda que os outros países da Europa têm capacidade para “atrair médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde portugueses, que são pessoas com elevada formação, para esses países”.
O ministro da Saúde sublinha que “a nacionalidade não é um obstáculo”, mas lembram que “o SNS atrai mais de dois terços dos médicos portugueses”.
“Eu acho que um serviço que atrai mais de 70% dos médicos não pode ser considerado como um serviço não atrativo”, afirma. “Daí resulta que não precisamos de atrair? Não. Precisamos de atrair ainda mais.
O Ministério da Saúde está em reuniões com a Ordem dos Médicos e os sindicatos para reformular a carreira médica e, ao mesmo tempo, tornar o SNS mais atrativo para os novos profissionais de saúde.
Comentário de Santana Lopes sobre demissão do Governo é “estranhíssimo”
Manuel Pizarro considera as declarações de Pedro Santana Lopes são “estranhíssimas”. O ex-primeiro-ministro e atual presidente da câmara da Figueira da Foz defendeu que António Costa deveria demitir o Governo e chamar novos ministros para as pastas.
“Acho que é um comentário estranhíssimo. Porque as eleições legislativas, das quais resultou o atual Governo, decorreram há pouco mais de um ano. Eu não posso deixar de me surpreender quando vejo tentativas à margem do normal funcionamento das instituições para pôr em causa o voto democrático dos portugueses”, disse o ministro da Saúde.
Pizarro sublinhou que o Governo em funções foi eleito e que, num Estado de direito, “o que prevalece é o voto dos portugueses”.
Legislação da gestação de substituição é “juridicamente muito complexo”
Manuel Pizarro foi questionado sobre o atraso do processo de legislação da gestação de substituição. O ministro da Saúde reconheceu que a situação é “dramática” para as famílias que aguardam, mas alertas que o tema é “juridicamente muito complexo”.
“Se posso compreender a angustia das pessoas que estão à espera, também é necessários que nós sejamos capazes de dar total solidez jurídica e ética aos contratos que vão ser estabelecidos”, afirma o ministro. “Isso pode não desculpar algum atraso na regulamentação, mas explica como é difícil regular uma situação que adiámos a legislar há anos e já teve vários chumbos do TC porque é difícil encontra a solução correta.”
Pizarro “espera” que nos próximos meses o Governo tenha “a regulamentação pronta”, mas reforça que “é um caso em que vale mais ter uma boa regulamentação do que a pressa na regulamentação”.
Pizarro otimista que todos os municípios assinem alto de descentralização
O Ministério da Saúde tem uma meta até ao final de julho: 190 municípios a assinar o alto da descentralização. Até ao final desta semana, segundo Pizarro, já 97 autarquias assinaram
“É preciso que o Ministério da Saúde faça o seu trabalho junto dos municípios. Acho que é necessário que os municípios sigam o exemplo de Vila do Conde, que já assinou o auto da descentralização”, disse o ministro
Pizarro sublinhou que o principal objetivo da descentralização é “prestar melhores serviços às pessoas”.
“Os serviços em proximidade são sempre melhores para as pessoas e eu acho que não há nenhuma área melhor que a saúde para ilustrar a vantagem da proximidade.”
O ministro da Saúde manifestou-se “muito confiante” de que “não apenas essa meta” será atingida, mas que irão “ter todos os municípios no processo de descentralização até ao final do mês de junho”.