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“Começou a beber e sugeriu irmos ao seu departamento”: alegada vítima de Boaventura Sousa Santos revela encontro

Moira, uma mulher argentina, recordou um alegado encontro com Boaventura Sousa Santos e revelou que o professor catedrático é conhecido por ser “machista e violento”.

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As acusações de assédio sexual contra Boaventura Sousa Santos começam a ganhar rosto. Uma investigadora brasileira e uma ativista indígena dizem ter sido vítimas do sociólogo.

O caso terá acontecido em 2010. Moira Ivana Mílan, ativista pela recuperação de terras indígenas, recordou, durante um encontro de mulheres indígenas no México em 2022, um encontro com Boaventura Sousa Santos.

“Esse senhor convidou-me para jantar num lugar onde estávamos sozinhos. Começou a beber e sugeriu irmos ao seu departamento, buscar uns livros que me ia emprestar. Quando vou ao departamento, atira-se para cima de mim”, conta.

“Ele é muito consagrado, a todos os sítios onde vou falam-me de Boaventura Sousa Santos. Um extrativista académico, um machista, um violento”.

Um artigo académico publicado no final de março denunciou um clima de aliciamento e de abusos sexuais no Centro de Estudos Sociais de Coimbra. Os implicados são, alegadamente, Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins - o “Professor Estrela” e o “Aprendiz”.

Ao jornal Público e ao Observador, uma investigadora brasileira garante também ser uma das vítimas mencionadas no artigo académico. Sem revelar o nome, diz que Boaventura Sousa Santos lhe tocou no joelho e disse que todas as portas do centro se abririam se tivessem uma relação mais pessoal.

Na quarta-feira, o professor catedrático e sociólogo reagiu às acusações de assédio sexual e moral, afirmando estar a ser vítima “de uma difamação anónima, vergonhosa e vil".

Boaventura de Sousa Santos sublinha estar de “consciência bem tranquila” e pronto a confrontar “qualquer suposta vítima com serenidade e sentido de responsabilidade” para se defender do que considera um “assassinato de caráter”.

A polémica surgiu na terça-feira, depois de ser tornado público um capítulo do livro "Sexual Misconduct in Academia" ("Condutas sexuais impróprias na Academia"). No texto, com o título "The walls spoke when no one else would" ("As paredes falavam quando ninguém o fazia", em tradução livre), as três investigadoras - uma belga, uma portuguesa e uma norte-americana - descrevem como se terá desenvolvido uma estrutura de poder dentro da instituição que permitia os abusos.

O Centro de Estudos Sociais reagiu às acusações ao anunciar que vai constituir uma comissão independente para investigar estas denúncias.