O artigo “The walls spoke when no one else would” ("As paredes falavam quando ninguém o fazia", em tradução livre) escrito por três investigadoras - uma belga, uma portuguesa e uma norte-americana -, continua na ordem do dia. A figura central do caso, que está a abalar o meio académico, é o professor catedrático e sociólogo Boaventura de Sousa Santos, ex-diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
A SIC teve acesso a um email enviado pelo CES aos alunos, no qual reitera que “repudia qualquer forma de assédio ou abuso e solidariza-se com todas as vítimas de violências desta natureza”.
Neste sentido, e sublinhando que quer “envolver o corpo de estudantes na discussão e reflexão interna que o CES está a produzir [para] avaliar e melhorar as políticas e mecanismos institucionais" e garantir "um ambiente de trabalho seguro, equilibrado, aberto e livre de qualquer forma de abuso”, a instituição convida “as/os representantes das/os estudantes na Unidade de Acompanhamento Pedagógico (UAP) para uma reunião que acontece já na próxima segunda-feira (dia 17)”.
“Este é um primeiro momento de reflexão, mas prevemos que, no futuro próximo, possamos vir a chamar outras/os estudantes para um encontro mais alargado”, sustenta o CES, reafirmando que o “dever de qualquer instituição é o de proteger quem possa sentir-se de alguma forma lesada/o, garantindo que tem um acompanhamento justo e transparente”.
A instituição, que foi dirigida por Boaventura e à qual pertenceram as três investigadoras, assegura, porém, que “desde que foi instituída, a Provedoria do CES (em 2021) não recebeu qualquer queixa por parte de estudantes”.
Ainda assim, o centro relembra os canais através dos quais é possível fazê-lo: através do MyCES ou via e-mail, através do endereço doutoramentos@ces.uc.pt
O email - que tem um versão em português e outra em inglês - termina com a promessa de “mais notícias brevemente” no sentido de “oferecer espaços de descompressão e escuta psicológica” para atenuar a “ansiedade e angústia” provocados pelo atual “contexto de grande pressão mediática e a natureza sensível dos temas em discussão”.
Recorde a posição oficial do CES
Também a Associação Académica de Coimbra (AAC) anunciou que vai criar gabinete de apoio a vítimas de assédio. O objetivo, para além do “facilitamento do contacto direto com os estudantes”, é “a resolução célere das diversas queixas” que sejam feitas. A AAC compromete-se a encaminhar “às entidades competentes os casos em que se mostre necessário”.
O apoio será prestado através de três vertentes: “um número de telemóvel direto, um formulário de denúncias (com a possibilidade das mesmas serem anónimas) no website oficial da Associação Académica de Coimbra e um gabinete de atendimento presencial, com horário por definir”, explica a AAC.