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"Inventar uma crise política" não é o que os portugueses querem, diz Costa

O primeiro-ministro revelou que “não” sabia da reunião do Grupo Parlamentar do PS com a CEO da TAP, mas desvaloriza a polémica, salientando que estas reuniões são frequentes. Quanto à suposta crise política, António Costa diz não querer participar numa “invenção”.

"Inventar uma crise política" não é o que os portugueses querem, diz Costa
MIGUEL A. LOPES/Lusa
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De regresso a Lisboa, depois da visita de dois dias à Coreia do Sul, o chefe do Governo já pôde comentar os assuntos que por cá marcaram a atualidade, nomeadamente as polémicas que envolvem as revelações feitas no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP e as declarações do antigo Presidente da República, Cavaco Silva.

Sobre a polémica reunião preparatória entre o Grupo Parlamentar do PS, membros do Governo e a ex-CEO da companhia, Christine Ourmières-Widener, António Costa não hesitou na resposta: “Não”, não sabia mas, vincou, “cada órgão de soberania deve exercer as suas competências próprias”, pelo que, não lhe cabe “apreciar o funcionamento de outro órgão de soberania, neste caso a Assembleia da República”.

“Tudo deve ser esclarecido na comissão [de inquérito]”, disse, esclarecendo, ainda assim que “essa reunião não teve a ver com a Comissão de Inquérito” e que se tratou de uma “audição parlamentar normal”. Aliás, prosseguiu, “fui quatro anos responsável pelos Assuntos Parlamentares e era muito frequente haver reuniões de preparação das audições”.

Questionado sobre as críticas de Cavaco Silva, e esclarecendo que não é “comentador político”, o chefe do Governo garantiu apenas que aquilo que reconhece, neste momento, “é que vivemos no mundo uma situação muito exigente, [devido a] uma crise inflacionista, uma guerra dramática na Europa e temos que nos focar em responder às necessidades do presente e dar a execução do futuro (…), portanto, a pior coisa que podia haver seguramente era inventar uma crise política num mundo que é já um excesso de crises”.

Mais, lembrou Costa, “essa reposta foi dada com toda a clareza pelos portugueses há um ano quando foram chamados a eleições antecipadas, dizendo uma coisa simples: o país precisa de estabilidade e vamos dar estabilidade”.

"Percebo que estamos a viver uma momento muito exigente para todos, a última coisa a fazer é agravar essas dificuldades", sublinhou.

Nesta (não) resposta ao ex-chefe de Estado, António Costa vincou que “o senhor Cavaco Silva já foi primeiro-ministro, Presidente da República e agora comenta a atividade política. Eu já fui comentador, agora sou primeiro-ministro, não comento a atividade política, nem comento os comentadores. Respeito, mesmo discordando habitualmente do que ele diz. Ouço naturalmente com o respeito que se deve ouvir aquele é seguramente o político profissional português com mais anos no ativo”.

Estas declarações do primeiro-ministro foram proferidas aos jornalistas à margem da assinatura do protocolo de colaboração com a Fundação Repsol - Projeto Motor Verde +Floresta, no Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa, Tapada da Ajuda, Lisboa.