Ivânia Quinta faz todos os dias 40 quilómetros entre Lisboa, onde agora vive numa pensão, e Queluz, onde os quatro filhos mais velhos ficaram a morar com o pai. Foi esta a solução precária encontrada depois dos despejos, no início de março, no bairro do Talude, em Loures.
Desde então que a vida de Ivânia está em suspenso. Com ela ficou apenas o filho mais novo, Davi, de cinco meses. À SIC disse que a Segurança Social garantiu que podia receber os filhos na pensão, mas a realidade é outra: só podem lá ficar poucos minutos. “Essa situação afastou-me dos meus filhos. Estou longe dos meus filhos”, afirmou.
O caso de Ivânia não é único. Também Daisye, com um bebé de colo, e Annaliza, grávida, vivem na mesma pensão em Lisboa, onde não foi autorizada a entrada da equipa da SIC. As duas vieram para Portugal ao abrigo de um protocolo de saúde com as antigas colónias. Daisye queixa-se das condições em que vive:
“O médico disse que já está na altura de comer sopa [o filho]. Eu não faço nada para ele comer porque não tenho acesso a um fogão, a uma geleira, nem a uma cozinha para lavar o biberão. Não tenho acesso a nada, mesmo para dar banho é complicado, quanto mais para comer”, referiu.
As três mulheres estão sozinhas, sem os companheiros e pais das crianças e vivem entre a espada e a parede: o desespero de encontrar uma casa que possam pagar e o receio de perderem os filhos.
Anannilza Semedo teme que lhe tirem o bebé logo após o parto. “Acho que já estão com a tentativa de me tirar o bebé quando eu der à luz. Antes de me tirarem o bebé vão ter de me matar”, contou.