As longas listas de espera para consultas ou cirurgias, no Serviço Nacional de Saúde, estão a deixar em suspenso milhares de pessoas que precisam de cuidados. A região Norte está a conseguir cumprir os tempos previstos. Na Guarda, há quem espere mais de três anos por uma consulta de cardiologia.
Há pelo menos 153 utentes no hospital da Guarda que esperam que lhes seja marcada a primeira consulta de cardiologia.
O tempo de espera, em média ultrapassa os 1193 dias, mais de três anos. No hospital de Évora, Faro, Braga e Leiria há quem espere pela primeira consulta há dois anos ou mais, conforme a especialidade.
O tempo de espera recomendado pelo próprio Serviço Nacional de Saúde nestes casos não deveria ultrapassar os cinco meses.
No caso das cirurgias, a situação não melhora. Os utentes também têm de esperar, e muito, para conseguirem vaga num bloco operatório. O SNS recomenda seis meses.
Em todos estes casos, os utentes nunca esperam menos de um ano e meio. O caso mais crítico está atualmente no serviço de ortopedia do Hospital D. Estefânia em Lisboa, onde um utente não urgente tem de esperar, em média, praticamente dois anos.
A diferença é notória do Norte para o Sul do país.
No hospital de Santa Maria, uma cirurgia de ortopedia demora em média 416 dias a acontecer, no hospital de São João são 111, menos de quatro meses dentro do recomendado.
A nova direção executiva do SNS entrou em funções em janeiro e o ministro diz que é preciso dar-lhes tempo.
Há quase um milhão e 700 mil pessoas sem médico de família, havendo um aumento quando o Governo se tinha comprometido a reduzir os valores. Porém, o ministro não quer falar em falhanço.
Em breve, vão ser contratados entre 200 a 250 médicos de família para o país todo. São precisos 978.