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Urbanismo: "problema crónico" e "último tabu da corrupção em Portugal"

O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha, lamenta a falta de investigação nos casos de corrupção no urbanismo em Portugal e fala em "problema crónico".

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O vice-presidente da Frente Cívica considera que os problemas de corrupção relacionados com a área do urbanismo já acontecem há muitos anos no país.

"Temos um problema estrutural em Portugal que é pouco investigado e que nunca é alvo de uma reação política", começa por dizer João Paulo Batalha, em declarações à SIC Notícias.

O vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Miguel Vieira Azevedo, que detém a pasta do Urbanismo, foi esta terça-feira detido pela Polícia Judiciária durante as buscas realizadas à autarquia de Gaia.

"O vice-presidente que foi detido também líder da Comissão Política Concelhia do PS em Gaia. Isto mostra que há, não só este conluio entre o decisor político municipal e interesses mobiliários, mas muitas vezes esse conluio chega aos próprios partidos políticos", critica o vice-presidente da Frente Cívica.

João Paulo Batalha lamenta a falta de investigação que existe nos casos de corrupção no urbanismo em Portugal.

"Há décadas que se fala de comissões e de financiamentos ilegais relacionados com este tipo de negócios, mas essas dimensões são muito pouco investigadas e são, eu diria quase, o último tabu da corrupção em Portugal", afirma.

O que deve ser feito?

Em declarações à SIC Notícias, considera que é importante que as investigações "avancem verdadeiramente" para não acabarem "numa qualquer prateleira ou gaveta".

"Se estamos a falar de problemas estruturais, as regras de funcionamento e os incentivos que dão na gestão autárquica têm de ser alterados. Precisamos de redesenhar o poder autárquico em Portugal, nomeadamente desde logo com mais transparência e partilha de poder entre o executivo e a assembleia municipal que tem um papel muito fraco de controlo dos executivos municipais", conclui.