Mais uma vez, Portugal ficou mal na fotografia ambientalista sobre o Dia Mundial da Reciclagem, com a associação Zero (Associação Sistema Terrestre Sustentável) a apontar "falhanço total" e falta de progressão em todos os resíduos.
Citando dados relativos a 2021, a Zero indica que 21% dos resíduos urbanos produzidos foram enviados para reciclagem, ainda longe da meta de 55% pretendida para 2025.
O mesmo se passa nos resíduos elétricos e eletrónicos, dos quais 14,5% foram recolhidos em 2021, menos de um quarto da meta de 65% estabelecida para esse ano.
No que toca a embalagens de pesticidas, foram recolhidas 49,9% em 2021, ano em que a meta era 60%. E em relação a pilhas, verificou-se uma recolha de 15,6% em 2020 face a uma meta de 45% para esse mesmo ano.
Rui Berkemeier, da Zero, esteve na Edição da Manhã da SIC Notícias para falar sobre os números nada animadores.
Portugal “não vai atingir meta estabelecida para 2025”
A Zero explica que Portugal voltou a níveis registados antes da pandemia de covid-19: "o que equivale a dizer que não houve qualquer progressão neste setor e que o país não vai seguramente atingir a meta de 55% de reciclagem estabelecida para 2025", aponta.
Entre as razões para justificar os números, a associação ambientalista aponta as seguintes:
- insistência na recolha seletiva efetuada através de ecopontos em vez da recolha porta-a-porta;
- fraco tratamento dos biorresíduos, os quais representam cerca de 40% do total dos resíduos produzidos nas nossas casas e no comércio e serviços (cerca de 1,9 milhões de toneladas), o que significa que o tratamento dos biorresíduos foi efetuado apenas para 19% do potencial (cerca de 353 mil toneladas);
- quase inexistência de recolha seletiva de biorresíduos (resíduos orgânicos), tendo-se verificado a recolha de apenas 8% (cerca de 147 mil toneladas);
- subfinanciamento do sistema de recolha seletiva pelas entidades gestoras de embalagens com prejuízos para as autarquias da ordem dos 35 milhões de euros anuais.