Foi com os olhos postos no Luxemburgo e com o aviso de que se apresenta de forma humilde e singela que o juiz Carlos Alexandre foi dizer ao Parlamento, esta terça-feira, que tem o currículo certo para assumir o cargo de procurador europeu.
Pelo meio, recordou até o taxista que o reconheceu no Luxemburgo e todos “os compatriotas” que encontra a cada passo e que o “saúdam pela iniciativa”.
Ao fim de quase 40 anos de experiência e duas décadas no Tribunal Central de Instrução Criminal, onde teve em mãos processos como a Operação Marquês ou o Universo Espírito Santo, Carlos Alexandre apresenta-se à última hora como candidato à Procuradoria Europeia, com o cargo prestes a ficar vago devido à saída do procurador José Guerra.
O processo tem-se arrastado depois da desistência de dois candidatos, entre eles o juiz Ivo Rosa.
Carlos Alexandre é agora um dos cinco concorrentes ao órgão que investiga crimes que põem em causa os interesses financeiros da União Europeia, juntando-se aos nomes dos juízes Catarina Pires, Filipe Marques e Vítor Ribeiro e ao do procurador José Ranito.
A instituição europeia, onde cooperam 22 dos 27 Estados-Membros, diz-se independente, mas se assim não se revelar, o magistrado já tem pensado o regresso a casa.
“Tenham os senhores deputados absoluta certeza. Será nó próprio dia, não tendo as chaves do meu carro, terei de arranjar maneira. Tenho um filho na Bélgica, que terá de me ir buscar onde eu estiver”, brincou o juiz.