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Grandes hospitais com dificuldades para contratar médicos tarefeiros

O Governo mandou baixar o valor a pagar aos prestadores de serviços, para diminuir um desequilíbrio salarial. No entanto, agora, grandes hospitais estão a ter cada vez mais dificuldades para contratar estes profissionais.

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A falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde tem levado a contratação de empresas de prestação de serviços para garantir o funcionamento das instituições. No entanto, alguns grandes hospitais estão a ficar menos atrativos para os médicos tarefeiros.

Segundo o Jornal de Notícias, o problema surge depois da entrada em vigor de um decreto-lei que nivelou o valor a pagar aos prestadores de serviços. O Governo decidiu agir para diminuir o desconforto causado nos médicos dos quadros, que estavam a ganhar muito menos que os colegas contratados a tarefa.

Para travar os gastos e valorizar os médicos do SNS, o Governo estipulou em fevereiro um máximo a pagar aos tarefeiros. Desde então, alguns destes profissionais têm preferido trabalhar, por menos dinheiro, em unidades e serviços mais calmos.

A mesma fonte dá o exemplo do hospital de Braga e do hospital de São João, no Porto. No entanto, noutros grandes estabelecimentos de saúde, como o de Santa Maria, em Lisboa, não existe esta dificuldade na contratação de prestadores de serviços.

“Havia um forte desequilíbrio”

No hospital de São João, só no serviço de urgência tem mais de 40 tarefeiros, contra menos de 20 médicos da casa.

Muitos outros hospitais do país tornaram-se cada vez mais dependentes dos prestadores de serviços à medida que a carreira médica foi sendo desvalorizada.

Com a entrada dos médicos tarefeiros no mercado, surgiu desequilíbrio flagrante nas remunerações, com médicos do quadro a ganharem 4 vezes menos do que os prestadores de serviços. A discrepância levou muitos a saírem do SNS para regressarem aos mesmos hospitais como tarefeiros.

Vitória Martins, vice presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), afirma que “havia um forte desequilíbrio, que levava, obviamente, a um desânimo dos médicos que já estavam fixados no SNS e que faziam serviços de urgência nas mesmas condições e às vezes até com graus de carreira superiores”