A quase totalidade dos portugueses diz-se insatisfeito, quer com a carga fiscal, quer com a distribuição de riqueza no país e a desilusão com a situação da habitação ou com o combate à corrupção, está quase ao mesmo nível.
A sondagem tem como objetivo traçar um retrato da satisfação dos portugueses com o país em vésperas da celebração de mais um 10 de Junho e o panorama resultante do inquérito condiz com o tempo cinzento e chuvoso destes primeiros dias de junho.
Não há mesmo nenhuma área em que haja mais satisfeitos do que insatisfeitos com o Estado da nação. As menos más são as que avaliam a perceção do papel que Portugal desempenha no mundo, com que 44% se dizem satisfeitos ou da posição das mulheres na sociedade, que agrada a 43% dos inquiridos.
A qualidade da educação pública satisfaz, ainda assim, um pouco menos de 1/3 dos inquiridos, mas a qualidade do Serviço Nacional de Saúde nem a isso chega. Apenas 24% a consideram satisfatória.
Quase 80% dos portugueses desiludidos com qualidade de vida
A conclusão é, pois, globalmente negativa. Para 79% dos inquiridos, a satisfação com a qualidade de vida no país é pouca ou nenhuma.
A sondagem quis saber também como os portugueses avaliam o grau de atenção que as políticas públicas prestam aos problemas de setores em concreto. E também aqui o país não vai bem. Os reformados, os mais pobres ou as pessoas com deficiência gozam manifestamente insuficiente atenção por parte do poder, de acordo com a sondagem.
Só há mesmo uma parte do país que, segundo os inquiridos, tem excessiva atenção por parte das políticas públicas: os mais ricos. E as opiniões dividem-se quanto aos problemas das grandes cidades, que 37% entendem serem atendidos de forma adequada, embora 1/3 continue a achá-los insuficiente.
Já no caso das minorias étnicas, enquanto 44% consideram que a atenção política aos seus problemas tem sido insuficiente, para 26%, essa atenção tem sido excessiva e, para 19%, adequada.
Dados da sondagem
Este estudo de opinião foi coordenado pelo ICS e pelo ISCTE para a SIC e para o Expresso. A informação foi recolhida num universo de indivíduos maiores de 18 anos, residentes em Portugal, através de entrevista presencial. O trabalho de campo foi realizado pela GfK Metris, entre 13 e 28 de maio, tendo sido contactados 3.894 indivíduos e validadas 1.204 entrevistas.
A margem de erro máxima é de mais ou menos 2,8%, com um nível de confiança de 95%.