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Portugueses cortam nas despesas com medicamentos

Estudo demonstra que, no geral, o acesso aos cuidados de saúde piorou. Está a aumentar o número de doentes que prefere não ir ao médico e, em cada 10, quatro optam por fazer automedicação.

Farmácia.
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Metade das famílias que ganham até 800 euros mensais teve de cortar nos medicamentos no ano passado. Os dados de um estudo da Universidade Nova de Lisboa revelam ainda que em 2022 o acesso aos cuidados de saúde piorou.

Raul Ferreira não consegue comprar os quatro medicamentos que lhe foram receitados para tomar diariamente até chegar a ajuda da segurança social. Quando vai à farmácia é obrigado a escolher os mais baratos.

“Neste momento estou a cortar no medicamento que me faz controlar a tensão arterial. Os outros há 4/5 semanas que não os tenho.”

O preço sobrepõe-se à importância e esse tem sido cada vez mais o caminho de quem tem menos dinheiro.

Metade dos portugueses que ganham até 800 euros admitem cortar nos medicamentos. O número, que estava a diminuir até 2019, disparou nos anos da pandemia.

O estudo da Universidade Nova de Lisboa mostra ainda que quem tem menos capacidade financeira é quem sofre mais episódios de doenças.

“A situação está bem pior do que no tempo da troika. Isto quando estamos a falar de medicamentos estamos a falar de uma situação essencial para as pessoas, particularmente para as mais velhas”, afirma o comentador da SIC, Luís Marques Mendes.

Mesmo quem mantém possibilidades de comprar todos os medicamentos, também esta a optar mais por genéricos.

Os dados de 2022 mostram ainda que, no geral, o acesso aos cuidados de saúde piorou. Está a aumentar o número de doentes que prefere não ir ao médico e, em cada 10, quatro optam por fazer automedicação.