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Análise

Pedro Nuno Santos "mentiu aos portugueses"

José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão, da SIC, analisam a intervenção de Pedro Nuno Santos na comissão parlamentar de inquérito à TAP e a sondagem SIC/Expresso sobre as eleições que não prejudicou o partido do Governo.

Análise José Gomes Ferreira e Bernardo Ferrão
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Para José Gomes Ferreira na intervenção do antigo ministro das Infraestruturas aconteceu algo inédito, “pela primeira vez ouvi Pedro Nuno Santos a gaguejar e bastante”.

O gaguejo aconteceu durante a resposta à pergunta do deputado do Partido Social-Democrata (PSD) sobre o que foi feito, em 2017, com o dinheiro que David Neeleman pôs na TAP?

"O que foi feito foi uma alteração que ninguém soube até hoje, que foi transformar uma coisa que era capital que ficava na TAP por 30 anos, que tinha sido combinado na altura da privatização com o Governo PSD e em 2017 na negociação para o Estado ficar com a maioria, para além dos privados, houve uma alteração e esse capital transformou-se numa coisa chamada: prestações acessórias que são suprimentos", explica José Gomes Ferreira.

Para o jornalista da SIC, esta alteração levou a que “quando os privados saíssem levariam a indemnização e foi o que aconteceu! David Neeleman levou 55 milhões de euros, quando os portugueses estavam a pôr 3.200 euros na TAP", sendo que neste ponto “Pedro Nuno Santos gaguejou como eu nunca tinha visto um ex-ministro a gaguejar perante este ponto”, vincou.

Quanto a Bernardo Ferrão, a principal conclusão que o jornalista da SIC retira é “a ligeireza com que trataram estes assuntos no Ministério das Infraestruturas e no Ministério das Finanças, porque meio milhão de euros não é uma soma que se ache que ninguém vai reparar”.

“A forma como foi tratada a TAP é de uma falta de respeito com o dinheiro dos contribuintes que eu acho que deveria levantar a todos sérias preocupações e um pedido cabal de explicações”, referiu Bernardo Ferrão.

Para o jornalista, o antigo ministro deu quase todas as explicações, mas nas “questões essenciais não conseguiu explicar-se aliás, repito o que o José disse, Pedro Nuno Santos gaguejou em algumas dessas questões”.

José Gomes Ferreira relembrou uma intervenção que Pedro Nuno Santos teve ao negar que não decidiu a saída de Alexandra Reis da TAP. Para o jornalista da SIC “como é que é possível” negar isto?

“O ministro que dá o ok político, a dizer que concorda com a indemnização, não decidiu? Ele mentiu aos portugueses, pode contestar o que eu digo, pode pedir o direito de resposta, pode fazer o que quiser, mentiu aos portugueses, claro que decidiu a saída”, concluiu.

Se não convence Montenegro nesta fase, quando convencerá?

A primeira sondagem do ICS e do ISCTE para a SIC e o Expresso após o caso Galamba revela que o episódio não só não prejudicou o partido do Governo, como não beneficiou o maior partido da oposição. Houvesse eleições por estes dias e o PS voltava a vencê-las, ainda que sem maioria.

José Gomes Ferreira não releva muito estas variações, considerando-as “conjunturais”, o que o jornalista destaca é a “tendência estrutural, que é: onde está a maioria absoluta do Governo PS de António Costa com estes casos todos e a má governação em várias pastas desperdiçou por completo?”, questionou.

O jornalista considera que a maioria absoluta do PS esfumou-se e será “muito difícil que António Costa a recupere”, referindo contudo que estamos perante “um empate técnico”.

Uma das grandes questões a tirar desta sondagem é: “Se Montenegro não convence nesta fase, quando convencerá?” e essa é “a questão” para Bernardo Ferrão, explicando que “há três sinais que devem fazer soar as campainhas na sede do PSD”.

“Luís Montenegro, nesta sondagem, está a cair desde dezembro: 4,5 em dezembro, 4,2 em março e, agora 3,9. Portanto há uma queda, uma tendência de que o líder do PSD não está a convencer o eleitorado”, afirmou Bernardo Ferrão.

Porque esta o eleitorado descontente com PSD?

Os portugueses estão descontentes com o PSD e com o que se passa no país e os números da sondagem SIC/Expresso espelham bem isso, algo que deveria preocupar, neste momento os sociais-democratas.

Para Bernardo Ferrão é fácil “perceber o porquê” deste descontentamento.

“O PSD não é claro nas propostas que tem, anda sempre atrás do prejuízo. Não apresenta propostas e não fala do que interessa aos portugueses e isso vê-se neste resultado”, concluiu o jornalista.