O Partido Ecologista Os Verdes defendeu este sábado que Portugal "não pode esquecer o drama" dos incêndios de Pedrógão Grande, criticando o Governo por permitir que a floresta "continue amplamente desordenada" e com uma "expansão de eucaliptais absolutamente preocupante".
De acordo com Os Verdes, em comunicado, a "catástrofe dos incêndios florestais em Pedrógão Grande" em 2017 foi um dos temas discutidos este sábado na reunião do Conselho Nacional do partido, em Lisboa, no âmbito de uma "análise da situação ecopolítica nacional e internacional".
Defendendo que "o país não pode esquecer o drama que ocorreu em Pedrógão Grande, faz hoje [este sábado] precisamente seis anos", o Partido Ecologista Os Verdes [PEV] lembra que, na altura, "perante a catástrofe de perda de vidas humanas e a devastação de uma vasta parte do território e ecossistemas, o Governo prometeu mundos e fundos sobre a alteração do paradigma da floresta, para a tornar mais segura e resistente a fenómenos desta natureza".
No entanto, e embora o PEV tenha conseguido uma alteração à lei para travar as monoculturas de eucalipto, que "contribuem sobremaneira para a maior dimensão e a mais rápida propagação dos fogos florestais", "a verdade é que o Governo PS não passou a lei para a prática, o que levou, passados estes anos, a que a floresta em Portugal continue amplamente desordenada e com uma expansão de eucaliptais absolutamente preocupante".
O partido reitera que "o ordenamento florestal não se concretiza com discursos embelezados, mas sim com medidas concretas que assumam que as espécies autóctones, o fomento das práticas agrícolas e a revitalização demográfica, social e económica do mundo rural são absolutamente fulcrais".
No Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, o PEV salienta que "a situação de seca que se vive este sábado surge como mais um alerta para a necessidade de mudança nas políticas de gestão da água".
Para que haja um "uso eficiente da água", o PEV defende ser "determinante que a política agrícola -- um dos setores com grande impacto no consumo de água --, em vez de fomentar o regadio e as culturas intensivas e super intensivas, passe, de uma vez por todas, a incentivar a agricultura familiar, biológica e não intensiva, mais adaptada às condições climáticas regionais".
"É fundamental o apoio às culturas autóctones e à pequena e média agricultura, as quais têm capacidade de se adaptar às condições atuais, para garantir a alimentação, sendo cada vez mais importante a adoção do princípio 'produzir e consumir local' e o apoio a circuitos curtos alimentares", sublinha.
Para Os Verdes, "os processos de reutilização de água devem, também, constituir uma prioridade", salientando que "esta aposta, assim como o investimento para a diminuição das perdas de água das redes infraestruturadas, e o consumo eficiente em diversos setores de atividade, deve sobrepor-se a intenções de dessalinização da água do mar que representa um processo altamente consumidor de energia e com impactos ambientais bastante significativos".
O lítio foi outro dos temas abordados na reunião do Conselho Nacional do partido, com o PEV a colocar-se "do lado das populações pela defesa do Barroso".
"É incompreensível que, na situação de seca atual, e num momento em que o Governo anuncia que está a preparar medidas para restringir a utilização da água, se avance com a implementação de um projeto de mineração com evidentes consequências para a região do Barroso, no que se refere precisamente ao acesso à água e à manutenção da sua qualidade", refere o partido sobre a exploração de Lítio na Mina do Barroso.
Essa exploração "implicará, para a região de Boticas, a perda de biodiversidade, a destruição da paisagem, a desproteção das espécies protegidas, sobretudo o Lobo-Ibérico, e terá graves impactos nos recursos hídricos, que a própria Declaração de Impacte Ambiental reconhece", alerta.