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Lisboa quer que imobiliária do Estado disponibilize espaço para acolher sem-abrigo

Em causa está o encerramento, até ao final de setembro, das instalações do centro acolhimento de emergência municipal no Quartel de Santa Bárbara, em Arroios, inaugurado em 2021.

Lisboa quer que imobiliária do Estado disponibilize espaço para acolher sem-abrigo

A vereadora dos Direitos Humanos e Sociais na Câmara de Lisboa desafiou a oposição a participar numa reunião com a Estamo, a imobiliária do Estado, para encontrar "um espaço central" para acolher as pessoas em situação de sem-abrigo.

"Pedir à Estamo que repense, que pondere, que tenha em conta todas estas pessoas que atravessam esta situação difícil e vulnerável, e que se disponibilize a ponderar, a pensar e a encontrar um espaço central", declarou a vereadora Sofia Athayde (CDS-PP), na terça-feira, na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, em resposta a questões da deputada do BE Maria Escaja.

Em causa está o encerramento, até ao final de setembro, das instalações do centro acolhimento de emergência municipal no Quartel de Santa Bárbara, em Arroios, inaugurado em 2021, em contexto de emergência da pandemia covid-19, pelo então vereador dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), para prestar apoio às pessoas em situação de sem-abrigo.

As instalações vão ser utilizadas para construção de habitação para arrendamento acessível, obra que é da responsabilidade do Governo.

"Ajudar a corrigir erros que foram cometidos no passado",

A deputada do BE Maria Escaja criticou a solução proposta pelo atual executivo de deslocação das pessoas em situação de sem-abrigo para quatro bairros municipais, nomeadamente Condado, Alfredo Bensaúde, Armador e Ourives, considerando que houve "zero estratégia" na procura de uma resposta digna.

A bloquista questionou ainda sobre quando é que o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), irá agendar a proposta dos vereadores de BE, PS, Livre e Cidadãos Por Lisboa, que tem aprovação já garantida com o voto favorável do PCP e que pretende exigir que a resposta às pessoas em situação de sem-abrigo, atualmente assegurada no centro de acolhimento do Quartel de Santa Bárbara, se mantém no centro da cidade.

Em resposta, a vereadora Sofia Athayde desafiou a oposição a participar numa reunião com a Estamo, agendada para 28 de junho, às 10:00, no sentido de "ajudar a corrigir erros que foram cometidos no passado", uma vez que o anterior executivo já sabia que a ocupação do Quartel de Santa Bárbara seria temporária.

O presidente da câmara disse que, se tivesse poder sobre isso, as pessoas continuavam a ser acolhidas no Quartel de Santa Bárbara, mas é o Estado que exige que o espaço seja devolvido, adiantado que as associações que trabalham neste âmbito, nomeadamente a Vitae e Ares do Pinhal, concordaram com a solução alternativa encontrada pelo município, para que em 2025 haja uma outra solução mais permanente.

"Todas as partes da cidade são nobres"

Sobre a crítica de os espaços propostos serem em bairros periféricos, Carlos Moedas afirmou que "todas as partes da cidade são nobres", recusando o tabu de que as pessoas só podem estar numa parte da cidade.

O deputado único do PAN, António Morgado Valente, pediu à vereadora para concretizar o que entende como "novo centro social inovador", que pretende instalar na Escola Afonso Domingues, em Marvila, onde será implementado o futuro centro de apoio a pessoas em situação de sem-abrigo, a partir de 2025.

Sofia Athayde adiantou que o novo centro social pretende ser uma resposta definitiva para "uma boa integração" das pessoas em situação de sem-abrigo, através de um programa funcional que está a ser trabalhado com os parceiros da câmara, no sentido de garantir "uma resposta integrada de saúde física, mental, comportamentos aditivos e dependências".

"Nada vai falhar", assegurou a vereadora dos Direitos Sociais, reforçando que o objetivo é dar uma resposta digna a todas as pessoas, com uma forte componente de emprego e formação, bem como de ocupação diurna.