Nos últimos três anos, o SEF fez quase 70 investigações a redes de tráfico de pessoas. Nestas operações foram encontradas 145 vítimas, todas elas imigrantes a viver em condições desumanas.
No âmbito da operação Lezíria o SEF encontrou 16 imigrantes num apartamento com três quartos em julho de 2020.
A investigação levou à prisão preventiva de três suspeitos, que terão ficado com uma parte dos salários dos trabalhadores para pagar as despesas da fraca alimentação e alojamento.
No papel, os imigrantes recebiam o ordenado mínimo, mas levavam apenas 100 euros.
A exploração do trabalho é um dos indícios do crime de tráfico de pessoas. Desde 2020, o SEF fez 67 investigações e sinalizou 145 vítimas.
Como operam as redes de tráfico humano
As redes de tráfico humano operam quase sempre da mesma maneira. Trazem pessoas com a promessa de trabalho, comida e habitação e assim que chegam a Portugal têm uma elevada dívida, que será paga com quase todo o salário que receberem. A remuneração é controlada por intermediários através de empresas de fachada.
Foi o que aconteceu com cidadãos vindos do Sudeste Asiático e do Norte de África, encontrados no fim do ano passado, em campos agrícolas no baixo Alentejo. Na operação Vento de Leste foram detidos 35 suspeitos.
A maioria das redes recruta pessoas para trabalho agrícola, mas a exploração acontece noutras áreas, como o futebol.
Na semana passada, a operação El Dourado descobriu 45 jovens jogadores, alegadamente vítimas de tráfico, na academia BSports, em Famalicão.